Caganeira pé ligeiro

Compartilhar:
Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
[views count="1" print= "0"]
Foto: Ilustração
[tta_listen_btn listen_text="Ouvir" pause_text="Pause" resume_text="Retomar" replay_text="Ouvir" start_text="Iniciar" stop_text="Parar"]

 

Por Miguel Lucena

 

Às 12h30, bem em frente ao Centro de Ensino Fundamental da 113 Sul, um carro cortou o silêncio da tarde: buzina nervosa, pneus cantando e um rastro de desespero no asfalto quente. O motorista, possuído por uma urgência invisível, costurava entre vans escolares como se fugisse da polícia — ou de algo ainda mais incontrolável. Entrou direto na garagem do prédio ao lado, quase arrancando a cancela com os pneus já chorando.

Do outro lado da rua, um vendedor de picolé, já calejado de cenas urbanas, soltou a sentença: “Isso aí não é fome, não, é caganeira.” Assenti com a cabeça e complementei: “Caganeira pé ligeiro. Mas não adianta correr, não. A ansiedade vai derrubar as calças dele assim que a porta do elevador se abrir.”

Há urgências que nem o Uber entrega. E essa aí, meus amigos, é daquelas que só se resolve no íntimo — do vaso sanitário. Se der tempo.

Mais lidas

Caminhada pela anistia reúne apoiadores de...
Brasil se destaca no pôquer mundial e vive...
Vídeo: Helicóptero médico cai na Califórnia
...