Brasil se destaca no pôquer mundial e vive sua era de ouro nas mesas

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O pôquer movimentou cerca de US$ 96 bilhões em 2023, com previsão de dobrar até 2032

 

Por Simone Salles

 

O baralho virou símbolo de conquista para o Brasil. De Las Vegas às plataformas digitais, os brasileiros têm ocupado cada vez mais espaço entre os grandes nomes do pôquer mundial. O que antes parecia um hobby de poucos hoje é uma força global: o país já conta com mais de 4 milhões de jogadores ativos, segundo o site PokerListings, e vem colecionando resultados expressivos em torneios internacionais.

A ascensão brasileira nas mesas começou de forma tímida, mas hoje é impossível ignorar nomes como Yuri Martins, o “TheNERDguy”, dono de mais de US$18 milhões em prêmios e considerado um dos maiores jogadores do mundo no circuito online. Ele é o brasileiro com mais títulos na história do PokerStars e já foi número 1 do ranking mundial da PocketFives. Outro destaque é Rafael Moraes, que acumulou milhões de dólares em torneios ao vivo e se tornou referência por transformar o jogo em carreira sólida e transparente, inspirando novos talentos.

Em setembro de 2025, Rodrigo Selouan escreveu uma das páginas mais importantes da história do pôquer brasileiro. O jogador venceu o GGMillion$ High Rollers, Evento #33 da WSOP Online na GGPoker, superando um field de 1.484 entradas e conquistando o maior prêmio já registrado por um brasileiro no pôquer online: US$2.003.850. Além do bracelete inédito, Selouan também garantiu um pacote completo para disputar a WSOP Paradise nas Bahamas. Foi seu terceiro título no GGMillion$ High Rollers e a consagração de uma carreira marcada por consistência e técnica. Em sua análise, o diferencial que o levou ao patamar de hoje foi estudar muito e ter disciplina com os horários: “Eu não me acho melhor que ninguém, mas eu sei que eu trabalhei mais horas que a maioria das pessoas. Então você acaba chegando em um lugar que a galera não chegou, em termos de estudo. Mas o pôquer não tem muito essa cultura.”

Na mesma mesa final, Matheus Machado, que havia conquistado seu primeiro bracelete da WSOP menos de um ano antes, também brilhou. Ele começou a decisão como chip leader e terminou em quinto lugar, faturando US$709.293. A mesa contou com nomes de peso mundial, como Nikita Mikholap, Eelis Parssinen e Artsiom Lasouskii, e foi marcada pela frieza e domínio dos brasileiros diante dos melhores do planeta. A vitória de Selouan confirmou o Brasil como uma das maiores potências do pôquer moderno.

Nos torneios presenciais, a bandeira verde-amarela também brilha. Em 2024, o Brasil registrou sua melhor performance na World Series of Poker (WSOP), com mais de 20 brasileiros premiados e dois títulos mundiais. Entre eles, Rafael Reis levantou o bracelete em Las Vegas e descreveu o momento como “a vitória de uma geração inteira que estudou e acreditou no poker como profissão”.

Outros campeões  reforçam esse domínio. Cristian Aquino venceu o Championship da Brazilian Series of Poker (BSOP) em agosto de 2025, enquanto Willian Cestari foi o campeão brasileiro de 2023. No poker online, Edson Tsutsumi Jr. conquistou o segundo lugar no Main Event da WSOP Online 2021, levando US$1,9 milhão, e Gabriel Tavares faturou US$1,5 milhão no torneio The Venom 2025. Esses resultados colocam o Brasil entre os países mais premiados do mundo no cenário digital.

Em 2024, Marcelo Aziz também entrou para a história ao conquistar o maior prêmio já registrado por um brasileiro em torneios ao vivo, ultrapassando a marca de US$2,6 milhões. O feito consolidou seu nome entre os grandes do pôquer mundial e reforçou a presença brasileira nas disputas de alto nível, mostrando que o país não apenas participa, mas compete de igual para igual com as maiores potências do jogo.

De forma crescente, os maiores nomes do pôquer brasileiro estão elevando o país no cenário internacional. Felipe “Mojave” Ramos, terceiro brasileiro mais premiado em torneios ao vivo, soma US$3,7 milhões e é presença constante em eventos internacionais. Pedro Padilha, atualmente entre os três melhores jogadores online do mundo, representa a nova geração de estrategistas. Philipe Pizzari também impressionou ao conquistar US$2,5 milhões no PokerStars Caribbean Adventure em 2023, um dos maiores prêmios já obtidos por um brasileiro em torneios presenciais.

Viver de pôquer é possível, mas o sucesso exige estudo contínuo, disciplina, gestão de banca e uma rotina de alto volume de jogo. Profissionais mantêm controle financeiro rígido e aprendem a lidar com a instabilidade natural da carreira. Muitos começam em níveis baixos, integram times de estudo e crescem com base em resultados consistentes. O segredo está em tratar o pôquer como uma profissão, não como aposta.

O mercado segue em alta. O pôquer movimentou cerca de US$ 96 bilhões em 2023, com previsão de dobrar até 2032. Plataformas como GGPoker e PokerStars Brasil reúnem diariamente centenas de milhares de jogadores, consolidando o país como uma das maiores comunidades do mundo. Não é à toa que os torneios online com maior número de participantes hoje têm sotaque brasileiro.

O pôquer já é reconhecido oficialmente em todo o mundo como um esporte da mente. Mais do que sorte, o sucesso nas mesas exige frieza, raciocínio, cálculo e leitura de adversários. Estatísticas como VPIP (Voluntary Put Money in Pot) e PFR (Pré-Flop Raise) ajudam profissionais a decifrar padrões e aprimorar estratégias, enquanto a inteligência artificial já desafia jogadores de elite, como mostrou o projeto DeepStack, o primeiro programa de computador a superar profissionais humanos no jogo.

Em um cenário tão competitivo, o Brasil mostra que sabe unir instinto, estudo e emoção como poucos. Hoje é sinônimo de talento e resiliência nas cartas. O poker deixa de ser passatempo e vira aos poucos paixão nacional. Cada torneio vencido é mais do que um prêmio: é a prova de que o talento brasileiro não depende da sorte para brilhar. No jogo da vida e nas cartas, o Brasil já está com suas fichas no centro da mesa — e ninguém parece disposto a blefar contra isso.

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