Delatores da empreiteira Odebretcht afirmaram que o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (PR), recebeu parte dos 996 mil que foram desviados das obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) de Goiânia. Segundo as delações, o político recebeu 466 mil da obra goiana como caixa dois para financiar sua campanha de 2014.
O ex-diretor da Odebrecht Ricardo Roth Ferraz de Oliveira, detalhou o desvio da obra goiana. Em sua delação, ele diz que “algum recurso alocado nessa obra [do VLT de Goiânia] foi destinado a ele”. “Na contabilidade nossa do sistema saíram daí para poder fazer o pagamento para o Parreira [apelido de Arruda nas planilhas da Odebrecht].”
Ainda segundo Oliveira, os 530 mil restantes que Arruda recebeu vieram do projeto para construção do Centro Administrativo de Brasília. As afirmações também foram corroboradas pelo ex-executivo da Odebrecht João Pacífico em depoimento.

O nome de Arruda aparece em 2 dos 201 pedidos de inquérito enviados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a instâncias judiciais inferiores, com base em delações de ex-executivos da Odebrecht. Fora o recebimento de dinheiro via “caixa dois”, ele é suspeito de participar de irregularidades nos contratos do Expresso DF.
Os casos foram remetido do Supremo Tribunal Federal (STF) para a Justiça do DF porque Arruda não tem “foro privilegiado”. Não há prazo para a análise do pedido de investigação.
Na época a obra foi orçada em 1,3 bilhão com a Odebrecht tendo 90% de participação no projeto. A licitação foi em 2013, a obra não chegou a sair do papel por falta de financiamento.
De acordo com a proposta, o sistema contaria com 30 composições e de dois vagões. Cada um transportaria 300 pessoas, com partidas ocorrendo a cada três minutos, pelo Eixo Anhanguera.

Arruda
Em 2014, Arruda chegou a fazer campanha e participar de debates eleitorais, mas teve o registro da candidatura indeferido pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) com base na Lei da Ficha Limpa. A chapa substituta, formada por Jofran Frejat (PR) e pela esposa de Arruda, Flávia Peres (PR), perdeu a disputa no segundo turno.
O nome de José Roberto Arruda também é citado em outro pedido de investigação – este, relacionado às obras do BRT Sul (Expresso DF), que liga Gama e Santa Maria ao centro de Brasília. Segundo os delatores, a proposta de cobertura na licitação da obra foi marcada por irregularidades.
A delação menciona o envolvimento de “outras empresas”, sem detalhamento, e cita um encontro entre diretores dessas empresas, o então governador Arruda e o então secretário de Obras do DF, Márcio Machado. O assunto tratado na reunião e o impacto desse bate-papo nos contratos não são detalhados na petição remetida pelo STF.
Na manhã de quarta (12), Márcio Machado disse que não tinha conhecimento da denúncia e, por isso, não poderia se pronunciar sobre a citação.
A construção do Expresso DF Sul começou no governo Arruda, em 2011, com a previsão de que o transporte poderia ser utilizado na Copa das Confederações, em 2013. Após uma série de adiamentos e mudanças no projeto, os ônibus começaram a operar em fase de testes em abril de 2014. O valor total das obras superou os R$ 750 milhões.
Em nota, a Odebrecht disse entender que “é de responsabilidade da Justiça a avaliação de relatos específicos feitos pelos seus executivos e ex-executivos”.
“A empresa colaborou com a Justiça, reconheceu os seus erros, pediu desculpas públicas, assinou um Acordo de Leniência com as autoridades brasileiras e da Suíça e com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, e está comprometida a combater e não tolerar a corrupção em quaisquer de suas formas”, diz o texto.
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