Arruda: o réu que não se aposenta

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Ex-governador inelegível insiste em influenciar política e revive escândalos do passado

 

Mesmo impedido pela Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o ex-governador José Roberto Arruda insiste em atuar politicamente, desafiando decisões judiciais e as regras eleitorais. Condenado por improbidade administrativa, o ex-chefe do Executivo do Distrito Federal segue inelegível até 2032.

Arruda tem recorrido a antigos aliados — entre eles advogados, ex-deputados e políticos de histórico controverso — para disseminar ataques e desinformação contra adversários. Em encontros recentes, voltou a proferir ofensas contra o atual governador do DF, em discursos marcados por ironias e injúrias, ignorando o próprio histórico que o condena.

A trajetória do ex-governador é marcada por escândalos que abalaram a capital federal. Figura central do caso Caixa de Pandora, Arruda protagonizou um dos maiores esquemas de corrupção da história política de Brasília. Em 2009, vídeos mostraram o então governador recebendo pacotes de dinheiro de seu ex-secretário Durval Barbosa — gravações que ficaram conhecidas nacionalmente como o “escândalo dos panetones”.

A tentativa de justificar o suborno como doações natalinas foi desmentida pelas investigações, que revelaram notas fiscais forjadas e desvio de recursos públicos. O episódio resultou em sua prisão preventiva e na renúncia ao cargo, após denúncias de corrupção e tentativa de obstrução de Justiça.

Arruda também foi condenado por oferecer R$ 200 mil ao jornalista Edson Sombra para que mentisse em depoimento à Polícia Federal. O STJ reconheceu que o ex-governador utilizou o poder político e econômico para interferir nas investigações.

Mesmo após as condenações e prisões — incluindo a que o levou à carceragem da Polícia Federal em 2010 —, Arruda tenta manter influência nos bastidores da política local. Em 2022, teve novamente sua candidatura barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por unanimidade, e ainda conseguiu prejudicar a então candidatura da ex-esposa, Flávia Arruda, ao Senado.

As alianças de Arruda também deixaram rastros entre antigos aliados. O ex-deputado Jofran Frejat chegou a desistir de disputar o Governo do DF, afirmando: “Parece que algumas pessoas têm pacto com o Diabo. Eu não vou vender minha alma”, em referência direta ao ex-governador.

O mesmo roteiro se repetiu com o ex-senador Antonio Reguffe, que ameaçou abandonar sua candidatura ao governo após suposta negociação para incluir Arruda em sua chapa. Reguffe falou em “forças ocultas” e recuou diante da tentativa de “voltar para casa” articulada pelo ex-governador.

Hoje, Arruda busca reerguer-se politicamente ao lado de velhos conhecidos, como o ex-senador Gim Argello, também condenado por corrupção. A aliança, frágil e simbólica, reacende memórias de um período marcado por prisões, traições e delações que deixaram cicatrizes profundas na história política do Distrito Federal.

Vale lembrar que Gim Argello, assim como Arruda, traiu Joaquim Roriz: Arruda para disputar o governo do DF e Argello — apelidado de ‘Gato de Botas’ — para o Senado Federal, sendo então 1º suplente de Roriz.

Arruda tenta se apresentar como vítima de perseguição, mas o passado — registrado em vídeos, decisões judiciais e sentenças — continua a condená-lo.

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