A última flor do Lácio, inculta e bela

Compartilhar:
Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
[views count="1" print= "0"]
[tta_listen_btn listen_text="Ouvir" pause_text="Pause" resume_text="Retomar" replay_text="Ouvir" start_text="Iniciar" stop_text="Parar"]

Por Miguel Lucena

Bilac não escreveu apenas um verso: lavrou uma certidão de nascimento da língua portuguesa. Ao chamar o idioma de “última flor do Lácio”, ele nos remete ao Lácio, antiga região da Itália onde nasceu Roma e se consolidou o latim, língua que daria origem às línguas românicas. O português surge, assim, como herdeiro tardio desse tronco antigo, uma flor que brotou longe do jardim original.

Inculta, porque deixou para trás a rigidez clássica e se formou no uso cotidiano, no erro repetido até virar regra. Bela, porque mesmo imperfeita canta, mesmo ferida resiste. A língua portuguesa mistura latim com saudade, poeira com lirismo, palavrão com oração.

Não pede licença nem cabe em vasos acadêmicos. Cresce em becos, sertões e esquinas, florescendo na boca de quem nunca leu Bilac, mas sabe amar, xingar e sofrer com precisão poética. Inculta e bela — como o Brasil que a fala.

Mais lidas

Sonho da casa própria vira realidade para ...
Renata Jambeiro celebra Clara Nunes em sho...
Goiás Social e Agehab entregam benefícios ...
...