Megaoperação no Rio de Janeiro deixa dezenas de mortos, provoca protestos de moradores e recebe críticas de organizações internacionais
Moradores do Rio de Janeiro se mobilizaram nesta quarta-feira (29) para levar os corpos de pessoas mortas durante a megaoperação de terça-feira (28) à Praça São Lucas, no Complexo da Penha. Imagens dos cadáveres enfileirados em uma rua foram amplamente divulgadas nas redes sociais. De acordo com o líder comunitário Raull Santiago, mais de 70 corpos foram levados para o local.
Segundo o último balanço oficial do governo do estado do Rio de Janeiro, 58 pessoas morreram durante a operação. Ainda não se sabe se os corpos levados hoje estão incluídos nessa contagem. “É evidente que houve execuções: marcas de queimadura, pessoas amarradas, rendidas e assassinadas friamente”, afirmou à AFP o advogado Albino Pereira Neto, que representa três famílias que perderam parentes.
A operação, deflagrada pelas polícias Civil e Militar do Estado com apoio do Ministério Público, tinha como alvo lideranças do Comando Vermelho (CV) e o combate ao tráfico de drogas nos complexos da Penha e do Alemão. Batizada de Contenção, já é considerada a mais letal da história do estado. A facção reagiu lançando bombas por meio de drones, transformando a região em um cenário de guerra, com reflexos em importantes vias da cidade, como a Avenida Brasil e a Linha Amarela.
Organizações internacionais e grupos da sociedade civil condenaram a ação. A ONU declarou estar “horrorizada” com os acontecimentos, e 30 entidades, incluindo a Anistia Internacional, afirmaram que a operação colocou a cidade “em estado de terror”.

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