Morre o jornalista José Roberto Guzzo, voz contundente do jornalismo brasileiro

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J.R. Guzzo deixa um legado de mais de meio século na imprensa brasileira — tanto pela qualidade de sua produção intelectual quanto pela coragem de sustentar posições firmes em tempos de polarização.

Faleceu neste sábado (2), aos 82 anos, o jornalista José Roberto Guzzo, mais conhecido como J.R. Guzzo.  Ele estava internado em São Paulo e morreu vítima de um infarto. Reconhecido por seu estilo direto, opiniões firmes e textos bem construídos, foi uma das figuras mais marcantes da imprensa brasileira nas últimas décadas. Sua morte representa o fim de um ciclo para o jornalismo opinativo do país.

Guzzo iniciou sua carreira ainda nos anos 1960 e se destacou como repórter e, depois, como editor e articulista. Um dos momentos mais relevantes de sua trajetória foi à frente da revista Veja, da qual foi diretor de redação durante anos decisivos da política nacional. Também teve passagens importantes por veículos como o jornal O Estado de S. Paulo, a revista Exame e, mais recentemente, a Gazeta do Povo, onde manteve uma coluna de opinião até seus últimos anos de vida.

Ao longo da carreira, foi conhecido por sua independência intelectual e por suas críticas contundentes. Seu estilo cortante e seu vocabulário refinado fizeram dele um colunista respeitado e também contestado, como é comum entre figuras de pensamento forte. Ele não se encaixava facilmente em rótulos ideológicos, o que lhe rendeu tanto admiradores fiéis quanto detratores ferrenhos. Mas, para além das divergências, era quase unânime o respeito pelo profissional de texto elegante, firmeza argumentativa e postura ética. Segundo seus admiradores, Guzzo foi um defensor da liberdade de expressão e da racionalidade no debate público.

Além do jornalismo impresso, Guzzo também teve um papel fundamental na formação de gerações de profissionais, sendo mentor e referência para muitos jovens jornalistas. Era conhecido nos bastidores como um editor rigoroso, exigente com a clareza e precisão dos textos, e também como alguém que valorizava a integridade ética da profissão.

Entre os fatos curiosos de sua vida, destaca-se sua paixão pelo jornalismo econômico, um tema considerado árido por muitos, mas que ele conseguia tratar com leveza e profundidade. Era também um aficionado por política internacional e costumava usar exemplos históricos e estrangeiros para ilustrar os dilemas brasileiros.

Guzzo foi um dos primeiros grandes nomes da mídia tradicional a migrar com força para as plataformas digitais, conquistando milhares de leitores em redes sociais e sites de opinião. Seu texto direto e analítico encontrou eco entre leitores que buscavam interpretações críticas da realidade.  Ele foi um dos fundadores da Revista Oeste, onde ocupava uma posição central: era membro do conselho editorial e seu principal articulista. Ali, manteve firme sua missão de oferecer análises críticas e contracorrentes sobre os rumos do Brasil, sempre com um olhar atento à história e à lógica dos acontecimentos.

O jornalista deixa um legado de mais de 50 anos dedicados à imprensa. Para muitos, sua ausência será sentida não apenas pelas análises afiadas, mas pela presença constante no debate público. Guzzo sai de cena como viveu: opinando com coragem e provocando reflexões profundas, mesmo que incômodas.

O enterro ocorre neste domingo, em cerimônia restrita à família e amigos próximos.

 

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