MORRA O PACIENTE, VIVA O SHOW

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O Brasil copia tudo de ruim que é produzido no chamado Primeiro Mundo, como ideologia de gênero e o politicamente correto, perde-se em passeatas e discussões sem fim sobre corpo e sexo, mas é incapaz de prover medicação adequada para pacientes acometidos de determinadas doenças, a exemplo do líder comunitário Domingos Arruda, de Santa Maria.

Domingos está com um câncer, cujo tratamento é realizado com o medicamento Morzobil 2.4 mg, que custa R$ 54 mil e não é encontrado por essas bandas.

Se importamos música e costumes, como o de comer saco de pipoca de um quilo e beber Coca-Cola de dois litros no cinema, provocando um barulho enjoado de mandíbulas e canudos sugados, por que não dispomos do medicamento de alto custo?

O Poder Judiciário decidiu que o paciente tem direito a receber o medicamento do Governo do Distrito Federal, mas decisão judicial também virou letra morta quando se trata de cumprimento pelos governantes. O dispositivo constitucional que prevê intervenção federal em caso de descumprimento de ordem emanada do Judiciário também foi esquecido.

O GDF não dispõe de dinheiro para adquirir o remédio de Arruda, mas achou recursos para pagar R$ 300 mil à sambista Alcione por um show de 90 minutos no réveillon da Esplanada dos Ministérios, R$ 210 mil a mais do que a mesma artista cobrou para cantar na Virada Cultural de São Paulo.

Ao pagar um cachê de R$ 300 mil a Alcione, o GDF admite que o Distrito Federal é mais rico que a capital paulista, o centro financeiro e industrial do Brasil.

Quem for pobre que se lasque!, entoam os insensíveis o canto do desdém e do sadismo. Domingos Arruda e outros pacientes sabem muito bem o que é isso.

Miguel Lucena é Delegado de Polícia Civil do DF, jornalista e escritor.

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