Oitivas no STF marcam nova fase de ações penais sobre trama golpista; Mauro Cid depõe como informante
O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia, nesta segunda-feira (14), uma nova fase das investigações sobre a suposta tentativa de golpe de Estado atribuída ao entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O marco é a realização das primeiras oitivas de testemunhas de três ações penais abertas a partir de denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR). O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, será ouvido às 14h, na condição de informante.
As oitivas, que ocorrem por videoconferência até 23 de julho, marcam o início da fase de instrução processual, na qual são produzidas provas pelas partes envolvidas. O STF deve ouvir testemunhas ligadas aos Núcleos 2, 3 e 4 das ações penais (APs 2693, 2696 e 2694), que envolvem acusações de tentativa de golpe, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, entre outros crimes.
Mauro Cid, apesar de ter celebrado acordo de delação premiada, passou a ser investigado por possível omissão ou falsidade em seus depoimentos. A credibilidade da colaboração foi colocada em xeque após a revista Veja divulgar mensagens atribuídas a ele, nas quais o militar teria desabafado sobre pressões e arrependimentos relacionados à delação.
A defesa de Marcelo Câmara, outro réu nas ações, pediu ao Supremo a anulação da delação de Cid, alegando que os relatos à Justiça contrastam com as conversas reveladas nas redes sociais. O advogado Eduardo Kuntz afirmou que Câmara foi o interlocutor das mensagens, embora o contato tenha ocorrido por meio do perfil atribuído à esposa de Cid, quando o ex-ajudante estava proibido de acessar redes sociais.
As audiências desta segunda serão dedicadas às testemunhas de acusação. As de defesa dos réus do Núcleo 2 começam na terça-feira (15) e seguem até o dia 21. As dos Núcleos 3 e 4 ocorrerão nos dias seguintes, até o encerramento da fase no dia 23.
Os acusados respondem por crimes que incluem tentativa de golpe de Estado, dano ao patrimônio público e associação criminosa armada. A delação de Cid é considerada peça-chave para o andamento das investigações — agora sob intensa contestação jurídica e política.