Antes da obrigatoriedade do uso das máscaras higiênicas em todo Brasil, já se verificava a presença do acessório entre latinhas, guimbas de cigarro, copos plásticos. Agora, elas engrossam o lixo descartado inadequado pelo país. Elas não têm aparecido com frequência apenas nos rostos, no caso do Rio de Janeiro, mas também nas calçadas e no asfalto. É preciso ter cuidado com o meterial que pode estar infectado.
Como tanto o lixo doméstico quanto os resíduos das ruas são coletados por garis sem passar por uma coleta seletiva, a Comlurb não tem dados sobre o volume de máscaras descartadas irregularmente no Rio, mas basta uma volta pela cidade para encontrá-las pelo chão.
Coordenador técnico da Sociedade Brasileira de Infectologia, o médico Hélio Bacha alerta que, por serem um material potencialmente contaminado, máscaras cirúrgicas ou de tecido descartadas devem ficar dentro de sacos de lixo, tanto nas ruas como em casa. Sem o cuidado necessário, o acessório pode se transformar em fonte de contaminação.
“O pior problema é o contato imediato, quando uma pessoa joga uma máscara contaminada no chão e uma criança passa logo depois e a pega, por exemplo. O coronavírus pode resistir de 48 a 72 horas. Nem sempre sua detecção significa a viabilidade da contaminação, e uma máscara exposta por mais de três dias numa rua não oferece risco, mas ela continua sendo um material biológico, que pode conter outros micro-organismos”, disse Bacha.
O manuseio e o descarte corretos das máscaras são importantes para que haja segurança durante todo o “percurso” do acessório, do momento em que é produzido até o contato com profissionais que trabalham com resíduos, como garis e catadores.
Moradora de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, Érika Pereira dos Santos Soares trabalha como separadora de material reciclável numa cooperativa em Maria da Graça, Zona Norte do Rio, e conta que vem encontrando uma grande quantidade de máscaras.
“Em dois dias, achei mais de 50. Em todo saco de lixo que abro tem pelo menos uma. Fico preocupada”, afirmou Érika, que trabalha de máscara e luvas e dá uma parada a cada dez minutos para higienizar as mãos.
A Comlurb pede que luvas e máscaras sejam descartadas em sacos resistentes e bem fechados. Quem jogar esses acessórios nas ruas pode ser multado por meio do programa Lixo Zero. Os valores aplicados partem de R$ 221,75.