Substituição no submundo dos bastidores, o que era grampo em ligações telefônicas se transformou em ações de rackers tendo autoridades dos poderes e jornalistas como alvos
Cerca de 84 autoridades públicas sofreram tentativas de invasão feitas pelo grupo de hackers preso em julho deste ano na Operação Spoofing. A lista é da Polícia Federal (PF) e foi obtida pelo jornal O Globo.
O coordenador da Lava Jato no Paraná, Deltan Dallagnol, aparece em segundo lugar, com 37. A ex-coordenadora da Lava-Jato de São Paulo, Thaméa Danelon, sofreu 22 tentativas de invasão.
Entre os nomes, também aparecem integrantes do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. Da família Bolsonaro, o próprio presidente Jair Bolsonaro (PSL) sofreu tentativa de invasão em dois celulares diferentes, além do deputado Eduardo (PSL-SP) e do senador Flávio (PSL-RJ).
No relatório constam os nomes dos ministros da Economia, Paulo Guedes, da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e da Educação, Abraham Weintraub. Ainda estão na lista os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Esse relatório da perícia da PF registra a quantidade de vezes em que os criminosos fizeram ligações para o número dos aparelhos celulares das vítimas.
O documento não aponta, no entanto, quais dessas autoridades efetivamente tiveram as conversas acessadas. Como a lista da Polícia Federal é preliminar, podem haver outros alvos das invasões que ainda não foram identificados.
Desde 23 de julho, Walter Delgatti Neto e outras três pessoas estão presas por envolvimento nas invasões. Na semana passada, outras duas pessoas foram presas na segunda fase da Operação Spoofing.
Quem diria que dos grampos de outrora seriam substituídos pela ação de hackers e fosse disseminada no submundo dos bastidores em largo alcance. O que já foi chamado de “Grampolândia” pode se transformar na “Hackerlândia”.