Não se cale, denuncie! Proteger os direitos das crianças é responsabilidade de todos nós
Por Adriana de Souza
No mês de Maio Laranja, é importante conscientizar a população sobre a necessidade de combater e denunciar o abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Esses crimes silenciosos deixam marcas profundas nas vítimas, afetando seu comportamento e causando traumas duradouros. Pesquisas realizadas no Brasil pela SEDH (Secretaria Especial de Direitos Humanos) revelam que a cada oito minutos uma criança ou adolescente se torna vítima de abuso sexual. Infelizmente, 80% dos abusadores são membros da própria família, conforme constatado nos estudos.
Apesar da sociedade atual ser marcada pela modernidade e pelo acesso a tecnologias avançadas, ainda existe um tabu em relação à sexualidade, tanto nas famílias quanto nas escolas e na sociedade como um todo. Muitas vezes, as famílias evitam discutir o tema com os filhos, tratando-o de forma infantilizada ou de maneira agressiva, como se fosse um desrespeito. Isso dificulta que as crianças, caso sofram abuso, peçam ajuda e sintam-se culpadas pela violência sofrida. Nas escolas, também é comum que os profissionais se sintam assustados diante da suspeita de abuso, com medo de se envolverem ou de estarem errados. Dependendo da idade da criança, eles ficam receosos e inseguros ao abordar o assunto.
A psicóloga Lidiane Cristine de Souza Sado destaca algumas reflexões e ações que podem auxiliar no combate à violência sexual contra crianças e adolescentes, principalmente no ambiente escolar. É fundamental que as escolas abordem o tema com a comunidade e os alunos, conscientizando sobre as diferentes formas de abuso sexual. A equipe escolar deve incentivar a denúncia e buscar ajuda. Cabe à comunidade entender a responsabilidade de todos em relação a esse assunto e denunciar. Em caso de suspeita, a escola deve encaminhar o caso para as instituições competentes, como o Conselho Tutelar, o disque 100 (canal gratuito e anônimo) ou a delegacia especializada (DPCA), para que os fatos sejam investigados e outras medidas sejam tomadas.
O abuso sexual pode causar danos psicológicos nas vítimas, como dificuldades em estabelecer relações afetivas, isolamento, agressividade, irritabilidade, ansiedade, medo, sentimento de inferioridade e culpa. No desenvolvimento cognitivo, a vítima pode apresentar comprometimento no aprendizado, baixo rendimento escolar e curiosidade sexual excessiva.
A psicóloga explica que existem dois tipos de violência sexual infantil: o abuso e a exploração. O abuso é praticado por uma pessoa mais velha, que busca satisfazer-se sexualmente por meio de seu poder ou autoridade, utilizando palavras obscenas, exposição das genitálias, materiais pornográficos, sexo oral, vaginal ou anal. Já a exploração ocorre quando a criança ou o adolescente é utilizado para obter lucros sexuais, seja por meio de pornografia ou prostituição.
Atualmente, há muitas informações disponíveis para auxiliar no combate a esses crimes. Caso não saiba como agir, é possível buscar ajuda de pessoas que tenham conhecimento e segurança no assunto, realizar pesquisas e leituras. Falar sobre sexualidade faz parte do desenvolvimento humano e pode ajudar a prevenir muitos abusos. Cada um tem um papel importante na sociedade: educar, ensinar, cuidar e denunciar.
Diga não ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. Não importa se são nossos filhos ou não, é responsabilidade de toda a sociedade proteger os direitos das crianças e dos adolescentes, podendo responder também por omissão. Não se cale, denuncie! Lembre-se: a exploração e o abuso de menores são problemas de todos nós.