O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta 5ª feira (7.mai.2020) que compreende a preocupação do governo em relação à retomada da economia, mas que a pressão para o afrouxamento da quarentena é 1 ato “quase criminoso”.
Maia comentou o encontro que o presidente Jair Bolsonaro teve com o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli, e empresários na sede da Suprema Corte. Na ocasião, Bolsonaro defendeu diante do chefe do Poder Judiciário a preocupação do Executivo em relação ao desemprego ocasionado pela paralisia econômica. Ele concedeu entrevista à GloboNews.
Na visão de Maia, a atitude foi uma “sinalização equivocada” à sociedade brasileira. Segundo ele, se o presidente da República estivesse acompanhado do ministro Nelson Teich (Saúde) em vez de empresários, a visita passaria mais tranquilidade.
No tocante ao afrouxamento no isolamento social, Maia disse que ele não pode se dar em razão do desemprego, mas sim a partir de análise técnica.“O que a gente não pode é o setor produtivo muitas vezes, claro, eu entendo a preocupação, acabar gerando uma pressão que vai gerar um aumento maior do número de mortes no Brasil. Isso não é correto, é quase criminoso”.
“Eu prefiro aquele [governante] que tome a decisão de forma racional e que não aceite pressões de nenhum setor. Então, uma decisão de flexibilização que não estiver relacionada à pressão de algum setor da economia, mas da decisão técnica-científica”, acrescentou.
O Brasil registrou 9.888 novos casos de coronavírus em 24 horas, segundo informou o Ministério da Saúde nesta 5ª feira (7.mai). Isso equivale a uma redução nominal de 615 sobre o dia anterior, quando foram registrados 10.503 novos diagnósticos.
Maia destacou que se o presidente quisesse encontrá-lo na Câmara dos Deputados, seria recebido ou sozinho ou, no máximo, acompanhado de 3 ou 4 empresários, para evitar aglomeração.
Maia pontuou que o Ministério da Saúde deve ter uma “responsabilidade de coordenação” no enfrentamento da covid-19.
Salários
O presidente da Câmara foi questionado sobre o anúncio do presidente Jair Bolsonaro de que vetará parte do projeto de auxílio a Estados que abre brecha para reajustes salariais. Disse que, se Bolsonaro vetar, espera que o Congresso mantenha o veto, o que, segundo ele, seria uma sinalização à população de que haverá aumento de gastos.
Maia afirmou que tem defendido, desde o início da pandemia, uma redução percentual dos salários mais altos do funcionalismo público.
Impeachment fora da pauta
Ele negou que tenha conversado com ministros da ala militar sobre segurar um eventual pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. Para ele, um processo de afastamento “não é uma coisa simples”. Declarou que um pedido de impedimento não deve estar na pauta nem agora nem nos próximos anos. “É melhor construir pontes.”
Auxílio emergencial
No entendimento do presidente da Câmara será preciso ampliar por mais tempo o auxílio emergencial de R$ 600 para os trabalhadores informais e a possibilidade de redução de salários e de jornada para os empregados formais, mas que idealiza que a decisão seja do governo. “A gente sabe que vai ter que ampliar [o auxílio para os informais], não vai ter muita alternativa do meu ponto de vista”, disse.
Autonomia do Banco Central
O deputado disse que recebeu ligações de economistas nesta quinta perguntando sobre a possibilidade de aprovação de projeto sobre a autonomia do Banco Central, mas disse que tratar desse projeto no curto prazo “não é simples” e dependeria do convencimento da oposição. Com informações do Poder 360.