Justiça argentina autoriza visita de Lula a Cristina Kirchner, condenada por corrupção
A Justiça da Argentina autorizou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a visitar, nesta quinta-feira (3), a ex-presidente Cristina Kirchner, que cumpre prisão domiciliar por corrupção em Buenos Aires desde 17 de junho. A permissão foi concedida pelo Tribunal Criminal Federal Nº 2 (TOF2) e confirmada à imprensa pelo advogado de Kirchner, Carlos Beraldi.
Lula é o único integrante da comitiva brasileira autorizado a realizar o encontro, que ocorrerá após a participação do presidente na Cúpula do Mercosul, também marcada para esta quinta. Em nota oficial, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) confirmou que a visita ocorrerá no período da tarde.
A decisão judicial, assinada pelo juiz Jorge Gorini, ressalta que o encontro deve ser discreto, sem causar transtornos à vizinhança ou comprometer a tranquilidade do local. Kirchner foi condenada a seis anos de prisão e à perda dos direitos políticos por envolvimento em um esquema bilionário de corrupção ligado a contratos de obras públicas durante seus governos (2007–2015).
A escolha de Lula por visitar uma figura política condenada reacende debates sobre os vínculos entre lideranças da esquerda latino-americana e personagens marcados por acusações e sentenças judiciais. Em meio à sua agenda internacional, o gesto tem potencial de gerar repercussões políticas dentro e fora do Brasil, sobretudo por ocorrer paralelamente a um evento diplomático oficial do bloco econômico.
A presença de Lula ao lado de Kirchner, mesmo que em caráter pessoal, poderá ser interpretada como um aceno político a antigos aliados da região, levantando questionamentos sobre os critérios éticos e diplomáticos que orientam encontros de chefes de Estado com líderes condenados por corrupção.