Confissão do presidente gerou reação da oposição, que avalia crime de responsabilidade; irmãos de Lula estariam ligados a entidades beneficiadas
Antes de embarcar para a França, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou ter orientado a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) a agir com “muita cautela” nas investigações sobre sindicatos e associações envolvidas no esquema bilionário de fraudes contra aposentados do INSS, que pode ter atingido até 9 milhões de pessoas. A fala causou forte reação da oposição, que agora estuda apresentar novo pedido de impeachment por crime de responsabilidade.
Entre as entidades citadas, estão o Sindicato dos Aposentados e Idosos da Força Sindical, cujo vice-presidente é Frei Chico, irmão de Lula, e a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), que teria movimentado R$ 3,6 bilhões e é controlada por parentes do deputado Carlos Veras (PT-PE). Outro sindicato envolvido, o Sindinapi, ligado a figuras do PDT, teria recebido R$ 259 milhões.
A oposição também critica o fato de, até o momento, não haver qualquer prisão de suspeitos, levantando suspeitas de interferência política para proteger aliados.
Enquanto isso, a deputada Carla Zambelli (PL-SP), que deixou o Brasil rumo à Itália, pode escapar da prisão preventiva decretada pelo ministro Alexandre de Moraes. Por estar em território italiano — e alegando perseguição —, a parlamentar estaria fora do alcance imediato de extradição.
Nos bastidores da Câmara, já se cogita que Zambelli siga o exemplo de Chiquinho Brazão, cuja cassação levou mais de um ano. A deputada ainda pode se licenciar por até 120 dias por sessão legislativa sem perder o mandato de imediato.