Mais de 70 milhões de brasileiros endividados: reflexo de um sistema que lucra com a desigualdade e escraviza pelo crédito
Por Carlos Arouck
Mais de 70 milhões de brasileiros endividados. Esse número absurdo maior que a população da França não é azar, nem acidente. É projeto. Um modelo econômico que transforma trabalhadores em reféns do crédito, pequenos empresários em estatísticas falidas e o país inteiro numa máquina de gerar lucro para quem já está no topo.
A inadimplência não para de bater recordes. Agora são também 7,3 milhões de empresas afundadas em dívidas. Pequenos negócios fecham em silêncio, esmagados por juros criminosos e um sistema que protege os campeões nacionais. Os grandes conglomerados, com acesso privilegiado a crédito e política, compram o mercado a preço de banana. Concorrência? Só no discurso.
Enquanto isso, o desemprego sobe em 12 estados e atinge 7% no país. O IBGE aponta, os números gritam, mas Brasília finge que está tudo sob controle. E está para quem lucra com o descontrole. A Selic segue nas alturas, como se juros altos fossem remédio para tudo. Na prática, são veneno para a economia real.
A justificativa oficial? “Controle da inflação.” Mas o efeito é outro: transferência direta de renda para o andar de cima. O Brasil virou um esquema onde o trabalhador paga e o investidor comemora. A “festa dos ricos”, como bem definiu quem não tem medo de dizer o óbvio.
Essa crise é fabricada. Não é só falta de dinheiro. É falta de vergonha. Vergonha de manter um sistema que consome a esperança de quem produz, empreende, estuda e trabalha. Cada brasileiro empurrado para o vermelho não está só sem crédito: está sem chance.
E ninguém no poder parece disposto a puxar o freio. Pelo contrário alimentam o monstro com discursos vazios, políticas inócuas e uma fé cega em um modelo que já deu errado. Porque para eles, ele deu certo. E é aí que mora o crime.
A pergunta não é mais “até quando”.
A pergunta é: quem vai ter coragem de quebrar esse ciclo antes que ele quebre o país de vez?