Lava Jato conexão Espanha

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Maior produtora mundial de azeite – que lubrifica muito mais que vaselina, e escorrega tanto quanto sebo de carneiro -, a Espanha tem se transformado agora no novo mercado para as laranjas brasileiras.

A descoberta desse novo filão veio no rastro da Operação Lava Jato, ao identificar uma plantação semeada por Júlio César Oliveira Silva.

Como se trata de um bom negócio criado pelo ex-ministro José Dirceu, as ramificações se desenvolveram a ponto de atrair, como pseudo investidor Francisco Corrales Kindelan.

Essa nova história do bagaço da laranja está sendo contada nos autos de mais um processo a cargo da força tarefa na Operação Lava Jato.

Em setembro do ano passado, quando o MPF e a PF tiveram acesso ao conteúdo de busca e apreensão, e depoimentos, de alguns dos presos na 34ª Fase da Lava Jato, batizada de Operação Arquivo X. Naquela oportunidade, os investigadores ficaram surpresos ao descobrir uma nova conexão de negócios e dinheiro para fora do Brasil.

Desta vez era a Espanha, que aparecia com indícios de rota de propinas e vantagens ilícitas gerenciadas pelo grupo político ligado ao ex-ministro José Dirceu.

Tudo começou a fazer sentido para os investigadores por conta de dois personagens que foram revelados nesta fase da Lava Jato.

Um deles, brasileiro, ex-executivo da IBM e ex-funcionário do Serpro, foi diretor de desenvolvimento de negócios da espanhola Isolux Corsán e – como também ficou revelado –, um tipo de funcionário sem crachá da Indra Sistemas com sede em Madri. A semente desse laranjal é o espanhol Francisco Corrales Kindelan, domiciliado no Brasil por quase 15 anos, funcionário da embaixada da Espanha no período de setembro/2002 a novembro/2007, e que era o diretor-presidente da operação da Isolux Corsán no Brasil.

Os investigadores cruzaram os dados e obtiveram os pontos comuns entre o brasileiro Júlio César Oliveira Silva e o seu chefe direto, o espanhol Francisco Corrales Kindelan. O esquema gráfico, com as conexões entre pessoas, empresas e consórcios que relacionam Júlio César e Francisco Kindelan, consta nos autos do processo no 5035133-59.2016.4.04.7000 conduzido pela 13ª Vara da Justiça do Paraná, sob a batuta do juiz Sergio Moro.

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No seu regresso da Espanha, onde estava quando o seu mandado de prisão temporária foi executado pela equipe DF-01 da PF na data da deflagração da 34ª Fase da Lava Jato, o executivo e empresário Júlio César foi preso e conduzido até Curitiba. Na sede da Lava Jato, ele prestou depoimento no dia 23/09/2016 revelando detalhes sobre sua participação e relações com empresas e pessoas que aparecem no gráfico de conexões que os investigadores tinham em mãos.

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Nos trechos de seu depoimento aparece outra gigante espanhola: a Indra Sistemas, que atua com serviços de tecnologia da informação, conhecida em Brasília por vendas ao Governo, depois que adquiriu a brasileira Politec em 2011 por 100 Milhões de Euros.

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Fontes de mercado indicam que a prisão de Júlio César pegou de surpresa conversações adiantadas que estavam em curso para aquisição de mais uma empresa com sede em Brasília para reforçar a atuação no mercado de Governo; além de ter assustado empresários e lobistas que vinham se relacionando com Júlio César até sua prisão e que contavam com sua proximidade de José Dirceu para ter sucesso na conquista de licitações e contratos de TI com o Governo Federal.

De todos os presos temporariamente na 34ª fase da Lava Jato, apenas no caso de Júlio César o MPF pediu a conversão de sua prisão de temporária em preventiva, por acreditar que ele, nas palavras do pedido do MPF:

“…possui relevante ligação com importantes membros da organização criminosa que se delineou no seio e em desfavor da PETROBRAS, sobretudo JOSÉ DIRCEU, e atuou, na divisão de tarefas idealizada, na ocultação de valores e na dissimulação da movimentação, disposição e propriedade de bens, podendo, se posto em liberdade, dificultar a instrução e obstar a aplicação da lei penal. ”

Pedido do MPF para de Conversao de prisao temporaria em preventiva de Julio Cesar Oliveira Silva – 34ª Fase Lava Jato

 

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