Por Carlos Arouck
Em 13 de junho, Israel lançou uma ofensiva coordenada contra instalações nucleares do Irã, dando início a uma escalada militar sem precedentes na região. O governo israelense alegou que a ação foi uma resposta preventiva à ameaça real e iminente de que o regime iraniano estivesse a semanas de concluir uma ogiva nuclear. Apoiado por relatórios da CIA e do Mossad, o ataque teve como objetivo desmantelar a infraestrutura atômica de Teerã.
O mundo assistiu com tensão à entrada dos Estados Unidos no conflito, em 21 de junho, quando a Operation Midnight Hammer, ordenada pelo presidente Donald Trump, destruiu completamente os complexos nucleares de Fordow, Natanz e Isfahan. A ação envolveu 125 aeronaves e armamento de precisão, e foi celebrada pela Casa Branca como uma vitória para a segurança global.
Na madrugada desta segunda-feira, 23 de junho, um cessar-fogo foi anunciado após 48 horas de confrontos diretos e ameaças de retaliação. A trégua, mediada por Omã e com apoio logístico dos Estados Unidos e da União Europeia, prevê a suspensão imediata de ataques por ambas as partes, sob monitoramento da ONU e da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Segundo fontes diplomáticas em Viena, o Irã aceitou submeter-se a novas inspeções internacionais, sob condições ainda em negociação. Israel, por sua vez, declarou que manterá “vigilância total” e que retomará a ofensiva caso o Irã tente reconstruir rapidamente sua capacidade nuclear.
O cessar-fogo foi recebido com alívio em diversas capitais, mas analistas alertam que se trata mais de uma pausa tática do que de uma solução duradoura.
O papel de Donald Trump nesse conflito foi direto e calculado. Ao autorizar o maior ataque americano no Oriente Médio desde 2003, o presidente reforçou sua imagem de líder intransigente contra ameaças nucleares. Sua retórica agressiva encontrou eco em Israel, onde Benjamin Netanyahu afirmou que “esta foi a única linguagem que o Irã entende”.
Ambos os líderes apostaram numa lógica clara: sem dissuasão militar real, o Irã continuará avançando no escuro. A ação conjunta enviou um recado inequívoco: o eixo Washington–Tel Aviv não hesitará em usar a força quando a diplomacia se mostrar inócua.
As reações internacionais ao conflito dividiram o planeta. Enquanto Reino Unido, Alemanha e França manifestaram “preocupação” com os ataques, mas não os condenaram diretamente, o Brasil, sob o governo Lula, criticou com firmeza os bombardeios, classificando-os como “violações do direito internacional”.
A nota do Itamaraty gerou críticas no Congresso Nacional, especialmente por parte de parlamentares da oposição, que enxergam a posição como um distanciamento irresponsável dos EUA e de Israel. Em Washington, a Casa Branca evitou comentar diretamente a posição brasileira, mas uma fonte do Departamento de Estado confirmou que o gesto “será lembrado”.
A resposta iraniana aos ataques foi rápida, mas limitada. Mísseis foram lançados contra cidades israelenses, ferindo civis — o que gerou nova condenação internacional. Internamente, o regime intensificou a repressão, prendendo centenas de manifestantes contrários à guerra e censurando a imprensa local.
Com a economia em colapso, inflação em dois dígitos e sanções agravadas, o Irã enfrenta talvez o momento mais frágil de sua história recente. Ainda assim, o regime mantém a retórica de resistência, prometendo reconstruir seus complexos nucleares e “vingar o sangue dos mártires”.
O cessar-fogo atual é frágil. Ele foi possível não por avanço diplomático real, mas por uma combinação de pressão militar, isolamento econômico do Irã e interesse mútuo em evitar uma guerra total.
Especialistas alertam que, enquanto o regime iraniano mantiver sua ideologia expansionista e seu apoio a grupos como Hezbollah e Houthis, a ameaça persiste. Israel deixou claro que não aceitará nenhuma reconstituição das capacidades nucleares iranianas. E os EUA, ao que tudo indica, também não.
Israel e os EUA afirmam que agiram por necessidade, não por escolha. O Irã, acuado e humilhado, promete vingança. A comunidade internacional, por ora, respira aliviada — mas sabe que este cessar-fogo pode ser apenas o intervalo entre dois atos de um drama geopolítico ainda em andamento.
No curto prazo, o programa nuclear iraniano está em ruínas. Mas o que será reconstruído primeiro: as centrífugas de Natanz ou a confiança entre os blocos antagônicos? O tempo e a vigilância dirão.