Por Carlos Arouck
Quando um governo, atolado em má gestão e sem coragem de cortar privilégios, decide aumentar impostos que atingem diretamente os mais pobres, a escolha não é apenas econômica: é moral. O aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) promovido pelo governo Lula é o retrato de uma política que pune quem trabalha, consome e sobrevive no limite, para alimentar um Estado ineficiente e moldado por interesses corporativos.
Enquanto o Palácio do Planalto insiste em vender a narrativa de “justiça social” e “governo dos pobres”, a realidade chega pelo boleto: o crédito ficou mais caro, os preços subiram e o custo de vida piorou. O aumento do IOF não atinge os grandes bancos, que repassam os custos com facilidade. Nem os altos salários do funcionalismo de elite, que podem seguir sua rotina sem restrições. Quem sente o impacto real são os milhões de brasileiros que recorrem ao parcelamento no cartão, ao empréstimo pessoal para cobrir dívidas ou até ao cheque especial para comprar comida.
Diferente do que pensam os tecnocratas da Esplanada, o crédito no Brasil não é ferramenta de especulação para a maioria da população. É instrumento de sobrevivência. O cidadão que faz um crediário para comprar uma geladeira ou um notebook usado para o filho estudar vai pagar ainda mais caro. Não porque o mercado quis, mas porque o governo decidiu morder mais uma fatia, silenciosamente, via IOF.
O impacto vai além do consumidor individual. Pequenas e médias empresas, que dependem de financiamentos para manter as portas abertas, também sofrem. O encarecimento do crédito empresarial vira aumento de preços no balcão. Desde a padaria da esquina até o supermercado, todos repassam custos. Resultado: inflação disfarçada e mais pressão sobre o bolso do trabalhador. O governo arrecada, mas o povo paga.
O Brasil já é um dos países com as taxas de juros mais altas do mundo. Em vez de aliviar o cenário, o governo opta por tornar o ambiente ainda mais hostil ao consumo e ao investimento. Em nome de um ajuste oportunista, que dribla a necessidade de cortar gastos e enfrentar o inchaço estatal, escolhe-se a velha saída: penalizar quem não pode reagir.
Pouco compreendido, o IOF é traiçoeiro. Ele aparece pouco na imprensa, não vem detalhado no extrato bancário, mas está embutido em cada operação financeira. É o tipo de imposto que passa despercebido, mas drena o poder de compra, estrangula o pequeno empreendedor e acentua a desigualdade. Um verdadeiro “Robin Hood às avessas”, que rouba dos pobres para manter a máquina.
O aumento do IOF é mais que uma medida técnica. É uma escolha política. Revela as prioridades de um governo que, diante de déficits fiscais causados por excesso de gastos, preferiu atacar o consumo popular em vez de mexer nos verdadeiros privilégios. Onde estão os cortes de verbas para emendas bilionárias? Onde está a revisão de penduricalhos salariais no alto escalão? Onde está a coragem para enfrentar a farra de subsídios e a máquina sindical?
Ao final do dia, o brasileiro que pega dois ônibus para trabalhar, que vive no crédito rotativo, que compra no fiado, que paga prestação, é quem carrega esse fardo. O que é mais revoltante: sem sequer perceber que está sendo tributado a cada transação. O aumento do IOF é a face mais silenciosa e cruel de um governo que diz defender os pobres, mas aperta ainda mais o pescoço de quem já mal respira.