Por Miguel Lucena
A inveja é um veneno que corrói por dentro, silenciosa e traiçoeira. Em Planaltina/DF, ela transbordou em sangue. Um homem, durante anos, desejou um carro que não era seu. Não apenas o admirava — queria possuí-lo, fazer dele símbolo de status, vitória, talvez até de pertencimento. Mas o patrão, dono do objeto de desejo, negou-lhe a venda. Não foi apenas um “não”; foi, para ele, um golpe no orgulho ferido, na vaidade de quem se via merecedor.
A recusa virou rancor. O rancor, ódio. E o ódio, assassinato. Sem coragem de agir sozinho, arrastou o próprio filho, de apenas 17 anos, para o abismo. Mataram o patrão. Mataram também a decência, a inocência juvenil, a esperança de redenção.
A inveja, que muitos tratam como um pecado leve, mostrou-se monstro. Ceifou uma vida por um bem que, no fim, é só metal e plástico. A inveja não quer ter: quer tirar. E quando tira, arrasta tudo consigo.