Interesses estrangeiros no jornalismo brasileiro?

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A vaga para profissional de comunicação é para trabalhar como social media, com salário de R$ 2,5 mil | Foto: Lukas Bieri/Pixabay

 

Por Carlos Arouck

 

Fundada em dezembro de 2002, a ABRAJI surgiu com o apoio financeiro da Knight Foundation e a orientação do Knight Center for Journalism in the Americas, uma iniciativa da Universidade do Texas. Na época, cerca de 140 jornalistas brasileiros se reuniram na Universidade de São Paulo (USP) para estabelecer uma entidade dedicada ao jornalismo investigativo, com a intenção de melhorar a qualidade da cobertura jornalística no Brasil.

 

Brant Houston, presidente e fundador da Global Investigative Journalism Network (GIJN), esteve presente e desempenhou um papel fundamental na organização do seminário que culminou na criação da ABRAJI.

 

Nos últimos tempos, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI) tem sido alvo de intensa investigação devido ao recebimento de fundos de organizações internacionais, como a Open Society Foundations, fundada pelo bilionário George Soros. Esta situação traz à tona questões pertinentes sobre a influência e independência do jornalismo no Brasil, alimentando preocupações legítimas sobre a integridade da cobertura jornalística.

 

Entre os principais financiadores da ABRAJI encontram-se também a Ford Foundation e a Knight Foundation, ambas com um histórico de apoio a projetos de mídia e jornalismo investigativo. Estas fundações têm objetivos declarados de promover a liberdade de imprensa e a transparência. No entanto, opositores questionam se tais intenções são genuinamente altruístas ou se escondem motivações mais obscuras de controle e direcionamento da opinião pública.

 

Contudo, a transparência em relação aos financiamentos continua sendo um ponto obscuro. As suspeitas de que a ABRAJI poderia estar atuando como um veículo para interesses estrangeiros aumentam quando consideramos também o envolvimento do Centro Internacional de Apoio à Mídia (CIMA), uma iniciativa do National Endowment for Democracy (NED), órgão que recebe apoio financeiro do governo dos Estados Unidos. A ligação de CIMA ao NED e sua influência global na mídia provocam questionamentos sobre possíveis alinhamentos impróprios com os objetivos políticos dos EUA. Existe um risco real de que a associação passe a atuar mais alinhada com agendas específicas de seus financiadores, em detrimento de uma abordagem mais autônoma e centrada nas necessidades e interesses do público brasileiro.

 

Apesar das alegações de transparência e dos benefícios declarados para a qualidade do jornalismo, a aceitação de grandes somas de dinheiro de entidades estrangeiras por organizações de mídia ainda é um tema contraditório. A possibilidade de interferência externa e a eventual perda de autonomia são preocupações legítimas que precisam ser debatidas abertamente.

 

O desafio reside em equilibrar a aceitação de apoio financeiro externo com a garantia de que os interesses nacionais e a soberania sejam respeitados. Nessa dinâmica, a transparência e a responsabilidade são essenciais para manter a confiança pública e assegurar que esta organização possa continuar seu trabalho vital para a sociedade brasileira

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