Por Carlos Arouck
Foi instalada nesta quarta-feira (17),na Câmara dos Deputados, a CPI do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) , que está gerando pânico no núcleo do governo. Com a maioria dos seus membros da oposição, Ricardo Salles, relator da comissão, e Tenente Coronel Zucco, presidente dos trabalhos, já definiram quem serão os primeiros convocados para as oitivas, depois de uma reunião a dois para determinar os passos iniciais da CPI.
Como estratégia, os escolhidos são oito dirigentes regionais do Incra, que chegaram aos seus cargos neste governo por indicação do próprio MST. Dois deles são integrantes do movimento, Nelson Grasselli e Lucenilson Oliveira.
Ministros do governo também serão convidados,como Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário, após a coleta de informações na ponta dos invasores. Líderes dos sem-terra, Stédile, Rainha e Rodrigues, serão chamados somente na fase final da CPI, quando as investigações já tiverem avançado. Os idealizadores da CPI querem chegar aos financiadores das invasões de terras.
O objetivo da CPI não é a disputa entre governo e oposição. Vai se debruçar em qualquer tipo de invasão de propriedade privada e pública, principalmente sobre o comportamento do MST, seus financiadores, os atos terroristas destruindo propriedades e as ameaças. Além disso, vai focar nas relações do governo com relação aos movimentos. É histórica a briga entre ruralistas e MST, alvo de questionamentos sobre possíveis irregularidades em suas ações na luta pela reforma agrária, que agora serão apuradas.
O governo Lula, inclusive, contrariou o MST e manteve um primo de Arthur Lira, Wilson Lira, como superintendente do Incra em Alagoas. Essa decisão servirá apenas como um agrado ao presidente da Câmara, sem conseguir diminuir o ímpeto dos ruralistas que dominam a CPI. O governo está desesperado e pouco pode fazer por enquanto, mas já tem o apoio do grupo Prerrogativas, formado de juristas, juízes, advogados, professores e pesquisadores de diversas áreas do Direito, para dar suporte jurídico aos depoentes.