Indicação de Lula no Copom mantém taxa de juros

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Com o microfone ligado, Lula critica Banco Central, mas votos de seus indicados apoiando manutenção de juros revelam dualidade política

 

Por Carlos Arouck

Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, os holofotes se voltaram novamente para a taxa básica de juros, mantida em 10,75% ao ano. A decisão foi unânime, incluindo os votos dos indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Assim, apesar das duras críticas públicas de Lula ao Banco Central sobre os juros elevados, seus próprios escolhidos no Copom decidiram seguir o caminho rigoroso da política monetária, mantendo a taxa inalterada.

 

Lula, conhecido por não poupar críticas ao Banco Central quando o assunto são juros altos, expressou recentemente seu descontentamento em declarações públicas. Para ele, as altas taxas de juros prejudicam o crescimento econômico e dificultam a vida dos brasileiros. No entanto, os quatro indicados por Lula — incluindo Gabriel Galipolo — votaram pela manutenção da Selic, mostrando uma face menos retórica e mais pragmática das decisões econômicas.

 

A narrativa corrente indica que “os amigos do rei” — aqueles com interesses financeiros no sistema bancário — lucram substancialmente com a manutenção dos juros altos, enquanto a população sofre as consequências. A analogia “o povo come carne de boi atropelado” ilustra de forma dramática o abismo entre os lucros do setor financeiro e as dificuldades enfrentadas pelos cidadãos comuns diante de uma inflação persistente e os altos custos de crédito.

 

Durante a reunião, ficou claro que o Banco Central ainda considera a insegurança quanto à inflação um tema central para suas decisões. A manutenção da taxa em 10,75% ao ano tem como justificativa a tentativa de controlar a inflação, evitando que ela fuja do controle e cause um dano ainda maior à economia.

 

Gabriel Galipolo e os outros três integrantes indicados por Lula ao Copom possivelmente enfrentaram um dilema clássico: seguir as orientações retóricas do presidente, que insiste na crítica aos juros altos, ou votar de acordo com uma avaliação técnica que prioriza a estabilidade econômica. A decisão de votar pela manutenção dos juros altos sugere que, ao menos neste caso, a avaliação técnica prevaleceu sobre a orientação política.

 

As reações à decisão do Copom são diversas. Setores produtivos e consumidores expressam preocupação com o custo do crédito e a retração no consumo, enquanto investidores veem a decisão como uma medida prudente para manter a saúde econômica a longo prazo.

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