Ibaneis envia projeto à CLDF para autorizar compra de parte do Banco Master pelo BRB
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), encaminhou à Câmara Legislativa do DF (CLDF) um projeto de lei que autoriza o Banco de Brasília (BRB) a adquirir participação no Banco Master, operação estimada em R$ 2 bilhões e atualmente suspensa por decisão judicial.
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) determinou, nesta quarta-feira (13), a necessidade de autorização legislativa para assinatura do contrato definitivo. A exigência foi reforçada pelo Ministério Público, que sustenta que a aquisição deve ser formalizada por lei distrital.
Pelo texto enviado à CLDF, o BRB fica autorizado a comprar 49% das ações ordinárias e 100% das ações preferenciais do capital social do Banco Master S/A.
Sinergias e justificativa
Segundo o Governo do DF, a incorporação parcial visa integrar a forte atuação do BRB no varejo e no setor público com a expertise do Banco Master em nichos como cartões de benefício consignado, operações de câmbio e soluções digitais via a plataforma Will Bank.
De acordo com a justificativa, “a análise do Banco Master evidenciou complementaridades de negócios e potenciais sinergias, ampliando a oferta de produtos financeiros internacionais e reforçando a capacidade de inovação e modernização da experiência do cliente”.
Críticas e contexto de mercado
Especialistas do setor financeiro avaliam que o Banco Master expandiu de forma acelerada, sustentado pela emissão de CDBs com taxas elevadas, o que garantiu captação robusta, mas também exposição a ativos de baixa liquidez. A operação, portanto, é vista por parte do mercado como uma espécie de “socorro” de um banco público a uma instituição privada.
Os CDBs emitidos pelo Master contavam com cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), situação que gerou insatisfação entre grandes bancos — principais financiadores do fundo. O Banco Central, na semana passada, apertou as regras para esse tipo de captação, mas instituições de grande e médio porte ainda pressionam por restrições adicionais.
Exclusões do negócio
No anúncio inicial, em março, o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, afirmou que cerca de R$ 23 bilhões em ativos do Master ficariam fora da operação. A estimativa foi revista, e o valor agora chega a aproximadamente R$ 50 bilhões.
Segundo o projeto, foram excluídos precatórios, Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), ações, Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e operações de crédito sem garantias ou com garantias fidejussórias/concentradas, além de passivos de igual montante.