“Iam me matar”, diz Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro à TV

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Em dezembro de 2018, Fabrício Queiroz, policial reformado e ex-assessor parlamentar, concedeu ao SBT sua primeira e, até então, única entrevista

 

Na época, ele ainda era apenas investigado, suspeito de ser o operador de um esquema de “rachadinha” no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Ele havia acabado de receber um diagnóstico de câncer no intestino, que o faria passar por uma sequência de cirurgias. Agora, ele fala novamente com o SBT e relata as mudanças em sua vida.

Queiroz disse que havia um plano para matá-lo “como queima de arquivo”, “assim como mataram o capitão Adriano [da Nóbrega, acusado de chefiar milícia no RJ]” e que a ideia dos supostos mandantes seria colocar a culpa, pela execução, no presidente Jair Bolsonaro.

“Queriam me matar, tem que ficar bem enfatizado isso, porque eu ia ser queima de arquivo pra cair na conta do presidente, como aconteceu com o capitão Adriano, aquilo foi pra jogar na conta do presidente, aquilo não foi auto de resistência da polícia, aquilo ali foi execução. Eu trabalhei com ele, eu sei que se ele estivesse armado, ele matava uns 10.”

Por se sentir ameaçado, disse que preferiu fazer seus tratamentos de saúde nas cidades de São Paulo e de Bragança Paulista, e não no Rio.

Admitiu que se hospedava esporadicamente em Atibaia, no escritório de Frederick Wassef, advogado do presidente e do senador Flávio Bolsonaro, pela proximidade com Bragança. Afirmou que só conhecia Wassef pela televisão e que o advogado quis protegê-lo de ser assassinado.

“Ele é o advogado do presidente da República. Já pensou fazer essa covardia comigo e jogar a culpa no Jair Bolsonaro? Ele protegeu o presidente e graças a Deus protegeu a mim e, consequentemente, à minha família também.”

Foi dormindo no escritório de Wassef que ele foi preso e levado para Bangu, onde ficou 22 dias. Depois, passou mais oito meses em prisão domiciliar, preventivamente, ao lado da mulher, Márcia Aguiar, também presa.

De três anos para cá, ele perdeu amigos. “Quer conhecer um amigo? Passe dificuldades. Se oferecer um churrasco, vem todo mundo. Alguns amigos íntimos meus que não me mandaram um oi, um olá”. Desabafou que sua família foi “destruída”.

Segundo ele, os filhos “sofreram bullying”, perderam o emprego e desenvolveram ansiedade. Márcia “toma mais de dez remédios por dia” e teve depressão.

Queiroz nutria amizade por mais de 30 anos com a família Bolsonaro e diz nunca mais ter falado com nenhum deles depois que o antigo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) identificou movimentações consideradas suspeitas em sua conta. “Eles são meus amigos, sim. E o presidente da República, ele foi bem claro na primeira entrevista que ele deu logo que saiu esse escândalo. Ele falou: “Queiroz é meu amigo, cortei a relação com ele e enquanto não ficar esclarecido, nós não nos falamos”. Meia palavra basta, não precisa desenhar. Nunca nos falamos, nem com ele, nem com o senador.” Afirmou entender o lado do presidente pois, se mantivessem contato, poderia haver especulações.

Na entrevista, Queiroz rebate ponto a ponto as alegações que motivaram o pedido preventivo de sua prisão e diz ter sido vítima de “fraude processual”.

Ele se recusou a falar sobre o suposto esquema de rachadinhas, alegando ter sido orientado por seus advogados, já que o processo corre em segredo de Justiça.

Procurada, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia ressaltou que “o inquérito foi concluído e enviado aos órgãos competentes”.

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