Teerã, 19 de maio 2024
Por Carlos Arouck
transportando o presidente iraniano Ebrahim Raisi e outras figuras políticas importantes caiu hoje no noroeste do Irã, na província do Azerbaijão Ocidental. Estavam a bordo o ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian, o governador da província e o representante do Supremo Líder na região. A área é montanhosa e enfrenta condições climáticas adversas, com chuva e frio. Até o momento, não há informações sobre sobreviventes.
Este acidente, apesar de grave, deve ser compreendido dentro do complexo sistema político iraniano, que é diferente de uma monarquia personalista. O presidente, embora importante, não é o principal mandatário do país; esse papel pertence ao Supremo Líder, atualmente o aiatolá Ali Khamenei. No Irã, existe uma robusta estrutura estatal composta por diversas instituições, incluindo o Parlamento e o Conselho Guardião, além de uma poderosa Guarda Revolucionária Islâmica (GRI), que opera tanto em defesa do regime quanto de seus próprios interesses.
Sucessão de Khamenei: Ali Khamenei, octogenário no poder desde 1989, tem sua sucessão em debate há anos. Raisi era um dos potenciais sucessores. Sua morte poderia desencadear uma luta interna pelo poder, agravada pelo fato de Raisi ser uma figura influente, tanto no judiciário quanto na política religiosa do país.
O presidente do Irã não é o chefe de Estado mais poderoso; essa função é do Supremo Líder, atualmente o aiatolá Ali Khamenei. O Irã possui uma estrutura de Estado com Parlamento e Conselho Guardião, tornando-o diferente de monarquias personalistas.
As recentes eleições legislativas, marcadas por baixa participação e pelo veto de candidaturas moderadas, fragilizaram ainda mais a confiança popular no regime. Posições-chave na estrutura legislativa permanecem vagas, aumentando a incerteza.
A Guarda Revolucionária Islâmica (GRI), envolvida em várias guerras por procuração na região, poderia ver uma crise dessa magnitude como uma oportunidade ou uma ameaça, dependendo de como a situação se desenrola. A relação entre a GRI e o aparato estatal está sempre em uma tênue balança de poder.
Consequências possíveis
Repressão Interna: Maior repressão é esperada nos próximos dias para conter possíveis protestos ou demonstrações públicas.
Impacto Geopolítico: Um Irã com sede de vingança pode desestabilizar ainda mais a região, não sendo do interesse de vários atores internacionais, incluindo Israel e seus próprios extremistas internos.
Enfraquecimento do Irã: Pode representar uma ameaça existencial para outras nações na região, como a Armênia, além de afetar as dinâmicas com a Rússia e a Índia.
Consequências Internacionais: A possível morte de Raisi poderia causar um pandemônio político no Irã, gerando uma troca de acusações e disputas pela sucessão. A União Europeia, Turquia e Arábia Saudita já estão envolvidas nas operações de busca, não por solidariedade, mas para evitar uma deterioração da situação que poderia desestabilizar a região.
Em resumo, enquanto as operações de resgate continuam, o mundo observa atentamente, ciente de que os desdobramentos deste acidente podem repercutir muito além das fronteiras iranianas.