Ainda que o Halloween não tenha grande tradição, existem muitas festas temáticas que ocorrem no dia 31 de outubro atualmente.
Por Simone Salles
O Halloween, ou Dia das Bruxas, celebrado em 31 de outubro, não é uma festa típica brasileira. Os cursos de idiomas no país desempenharam um papel significativo na disseminação dessa manifestação cultural. Muitas escolas de línguas celebram a data com seus alunos, quando realçam tradições ligadas à cultura inglesa e norte-americana. Embora tenha certo destaque nas últimas décadas, principalmente após a popularização dos filmes de terror de Hollywood, a celebração ainda enfrenta resistências em diversas frentes.
Um dos principais motivos é a percepção de que o Halloween, por ser uma festa estrangeira, de origem anglo-saxônica, acaba ofuscando o folclore brasileiro. Para muitos, ao invés de valorizar figuras como o Saci, a Cuca e o Curupira, valoriza, bruxas, monstros, vampiros e zumbis, além de importar um evento que não tem raízes no país. Em resposta a essa questão, em 2003 foi sancionada a Lei nº 2.762, que instituiu o Dia do Saci, em 31 de outubro, com o objetivo de valorizar o folclore nacional e contrabalançar a influência do Halloween.
Outro fator é a tradição cristã no Brasil, país de maioria católica e evangélica. O cristianismo vê o Halloween com reservas, argumentando que muitos dos seus símbolos e temas, como bruxas, fantasmas e demônios, vão contra os ensinamentos da fé. A Igreja Católica, por exemplo, considera a data anticristã por sua ligação com o ocultismo. No entanto, há correntes dentro do cristianismo que buscam ressignificar a celebração, restaurando seu sentido católico, como uma forma de inspirar os fieis.
Há, ainda, a questão climática. O Halloween, originalmente ligado ao festival celta de Samhain, celebrava a chegada do inverno no Hemisfério Norte em 1º de novembro. No Brasil, essa data cai em pleno início da primavera, o que descaracteriza parte do simbolismo original da festa, que está ligada à mudança de estação e à colheita.
Apesar dessas resistências, o Halloween é comemorado no Brasil, mas de forma mais tímida do que em países como os Estados Unidos. Lá existe a tradição do “trick or treat”, em que as crianças fantasiadas de forma assustadora e com rostos pintados anunciam de porta em porta o pedido por “doces ou travessuras”.
Aqui, as festas são marcadas por fantasias e maquiagens desse tipo e outras mais leves, de maneira criativa e livre: super-heróis, fadas, princesas e reis, uniformes de times de futebol, entre outras. As celebrações não possuem a mesma intensidade cultural. Para muitos jovens, é somente uma oportunidade divertida de se fantasiar, sem uma ligação direta com o significado mais profundo da data.
Origens
O Halloween tem origem no festival pagão Samhain, celebrado pelos celtas para homenagear os mortos e a colheita. A Igreja Católica transformou essa celebração no “All Hallows Day” (Dia de Todos os Santos), que é comemorado no mesmo período, mas a versão moderna que se popularizou perdeu muitos dos seus elementos religiosos. A noite anterior ao Dia de Todos os Santos, tradicionalmente celebrada com máscaras e comida, passou a ser conhecida como “All Hallows’ Evening”, abreviada para Halloween. Apesar de traduzida para o português como “Dia das Bruxas”, o termo Halloween tem origem no calendário litúrgico da Igreja Católica, que celebra em 31 de outubro a véspera da Solenidade de Todos os Santos, conhecida como All Hallows’ Eve. Hoje, a data se espalhou pelo mundo como uma celebração focada em fantasias e diversão, mas no Brasil, essa adesão ainda é restrita e gera debates sobre a valorização da cultura local.