Reportagem destaca resgate de motorista baleado na Linha Vermelha durante confronto com facção criminosa; número de tiroteios quase dobrou em 2024
O programa Fantástico, da TV Globo, exibiu neste domingo (15) imagens inéditas que escancaram a rotina dramática da guerra urbana no Rio de Janeiro. Em destaque, o emocionante resgate de um motorista de ônibus baleado enquanto trabalhava na Linha Vermelha, uma das principais vias expressas da capital fluminense.
O caso ocorreu na última terça-feira (10), quando uma operação policial destinada a cumprir 44 mandados de prisão contra integrantes da facção criminosa Terceiro Comando Puro, que comanda o Complexo de Israel, terminou em confronto armado. Em represália, criminosos passaram a disparar contra veículos civis que trafegavam pela região. Quatro pessoas ficaram feridas.
Entre os atingidos estava o motorista Marcelo Silva Marques, de 54 anos, baleado no braço dentro do ônibus que dirigia. As imagens exibidas pelo Fantástico mostram o momento em que um dos passageiros, Michell Rodrigues, assume o volante e percorre mais de um quilômetro até chegar a um posto do Corpo de Bombeiros, salvando a vida do condutor. Marcelo foi encaminhado a um hospital e recebeu alta no dia seguinte. As demais vítimas também estão em recuperação.
Violência fora do alvo
O episódio reforça um padrão alarmante: inocentes sendo atingidos fora da linha de confronto direto entre forças de segurança e criminosos. Em novembro de 2023, quatro trabalhadores foram mortos na Avenida Brasil durante outra operação que envolvia a mesma facção. De acordo com a reportagem da TV Globo, atirar aleatoriamente contra vias expressas tem sido uma estratégia recorrente de Álvaro Malaquias Santa Rosa, o “Peixão”, apontado como líder do Terceiro Comando Puro.
Somente no primeiro semestre de 2024, o Complexo de Israel registrou 21 tiroteios, sendo 15 durante ações policiais. O número é quase o dobro do contabilizado no mesmo período de 2023. O saldo da violência até agora: oito feridos.
Outra tragédia antes da operação
Três dias antes do ataque na Linha Vermelha, outro episódio gerou indignação. Em 7 de junho, uma festa junina no Morro Santo Amaro, no bairro do Catete, terminou com seis pessoas baleadas durante uma ação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Uma das vítimas morreu após ser atingida por dois disparos. Como resposta, o governador Cláudio Castro exonerou os comandantes do Bope e do Comando de Operações Especiais (COE), além de afastar 12 policiais envolvidos na ação.
A sequência de eventos exposta pela reportagem evidencia o agravamento da crise de segurança pública no Rio de Janeiro, onde civis continuam a ser vítimas de uma guerra que se alastra além das fronteiras das favelas.