A greve dos servidores da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF) completou três meses nesta segunda (19) e segue sem previsão para acabar
A última audiência de conciliação entre a empresa e o sindicato dos metroviários ocorreu no dia 17 de maio.
Entre as pautas da categoria estão a retomada do auxílio-alimentação, de R$ 1,2 mil, do plano de saúde do servidores e “o cumprimento da decisão judicial de 2019”. Em nota, a companhia disse que “permanece aberta ao diálogo” (veja detalhes mais abaixo).
Na última sessão mediada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 10ª Região, o Sindicato dos Metroviários (SindMetrô) recusou a proposta da empresa e, portanto, deu continuidade à paralisação, que começou no dia 19 de abril.
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Aglomeração na estação Arniqueiras, em Águas Claras; foto do dia 22 de abril de 2021 — Foto: Kelly Calazans / arquivo pessoa
Frota reduzida
Desde abril, portanto, o metrô circula com a frota reduzida. Em dias úteis, 80% dos trens atendem passageiros em horários de pico, e 60% em horários de menor movimento, além de domingos e feriados, por determinação do Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Dias úteis
- Das 6h às 8h45 e das 16h45 às 19h30: 19 trens
- Das 8h45 às 16h45: nove trens
- Das 19h15 às 23h30: cinco trens
Sábados
- Das 6h às 9h45 e das 17h às 19h15: 12 trens
- Das 9h45 às 17h: sete trens
- Das 19h15 às 23h30: cinco trens
Domingos e feriados
- Das 7h às 19h: cinco trens
O que dizem as partes
Em nota, o Sindicato dos Metroviários (Sindmetro-DF) afirma que a empresa “se recusa a garantir aos seus colaboradores, determinações judiciais relacionadas a salários e direitos trabalhistas conquistados“.
“Frente a tantas injustiças, seus empregados não tiveram outra saída que não a greve”, disse o sindicato.
Já a Companhia do Metropolitano (Metrô-DF) diz que a empresa “permanece aberta ao diálogo com a categoria e continuará tomando todas as medidas administrativas, operacionais e judiciais cabíveis para atenuar os transtornos da greve à população do Distrito Federal”.
O comunicado diz ainda que, em maio, o Metrô apresentou ao sindicato a proposta de assinar o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2021-2023 “com as cláusulas consensuais e continuar discutindo as demais (13ª parcela do Auxílio- Alimentação e Quebra de Caixa)“, que são objeto de impasse, no âmbito do TRT.
“Na ocasião, o Sindmetrô recusou proposta apresentada pela Companhia”, afirmou o Metrô-DF.
Em relação aos salários do servidores, a empresa afirma que “estão sendo pagos normalmente”, mas, “há corte no ponto dos empregados no dia em que eles não comparecem em função da greve“.
Segundo os metroviários, o prazo está aberto no Judiciário para que o Metrô-DF apresente a defesa. Em seguida, o relator do TRT deve enviar o processo ao Ministério Público do Trabalho (MPT), que dará o parecer, e, depois, o processo retorna para ser colocado em pauta no tribunal.
Trens cheios e pandemia
Desde o início da greve, passageiros registram vagões cheios no metrô. Em meio à pandemia de Covid-19, a situação coloca em risco as pessoas que precisam usar o transporte público.
Em relação à higienização dos trens e estações, a assessoria do Metrô diz que os vagões “passam por limpeza profunda a cada madrugada e também são limpos a cada chegada nos terminais (ou seja, em média, a cada viagem completa, que dura em torno de 45 minutos) com produtos sanitizantes”. Ainda conforme a companhia, a limpeza é feita com os trens vazios, e em local onde não há acesso do usuário – por isso os passageiros não enxergam.
Greve mais longa
Até então, a greve mais longa dos metroviários tinha durado 77 dias, com fim em julho de 2019, por determinação do TRT-10. À época, o Metrô calculou prejuízo de R$ 8,8 milhões por conta da suspensão do serviço.
Para os desembargadores que julgaram o processo, parte das reivindicações da categoria já estava sendo atendida naquele período, como o pedido para oficializar a jornada de trabalho dos pilotos em 30 horas semanais.