Com aumentos já concedidos por Ibaneis, movimentos liderados por sindicatos ligados a deputados geram críticas e suspeitas de uso político da pauta
Mesmo após conquistarem significativos reajustes salariais nos últimos anos, enfermeiros e técnicos em enfermagem da Secretaria de Saúde e do IGES-DF ensaiam novas paralisações que podem comprometer serviços essenciais e afetar diretamente a população do Distrito Federal. A movimentação tem causado desconforto entre servidores de outras carreiras da saúde e do funcionalismo público, que ainda não foram contemplados com melhorias similares.
Em 2022, foi aprovado um aumento médio de 12% para enfermeiros e especialistas da saúde. Já em 2024, o governador Ibaneis Rocha (MDB) concedeu um reajuste de 15% e uma redução de padrões para os técnicos em enfermagem. Além disso, os servidores do GDF como um todo foram beneficiados com um aumento linear de 18%. Na prática, os técnicos em enfermagem acumularam um reajuste total de 33%, enquanto os enfermeiros e especialistas chegaram a 27%.
Mesmo assim, sindicatos ligados diretamente a parlamentares da base governista — como o Sindicato dos Enfermeiros, associado à deputada distrital Dayse Amarilio (PSB), e o Sindicato dos Técnicos em Enfermagem, com raízes políticas no deputado Jorge Vianna (PSD) — ameaçam paralisar os serviços. As ações geram críticas e levantam suspeitas sobre o real objetivo dos movimentos.
A valorização dos profissionais de saúde é uma pauta legítima e necessária, mas setores da sociedade e do funcionalismo apontam oportunismo nas novas mobilizações, especialmente quando há outras carreiras dentro da própria Secretaria de Saúde que seguem com demandas reprimidas. Médicos, odontólogos e servidores do GAPS, por exemplo, não receberam os mesmos reajustes e se sentem preteridos.
A possibilidade de paralisação levanta questionamentos sobre o uso político da máquina sindical, num momento em que a gestão do governador já atendeu parte das reivindicações históricas dessas categorias. Para muitos, trata-se de uma estratégia para desgastar o governo e alavancar possíveis candidaturas ligadas ao setor.
A população, que depende do SUS para tratamentos de saúde, é quem mais sofre diante do cenário de instabilidade. O sentimento crescente é de indignação com lideranças que, sob o pretexto de novas reivindicações, ameaçam comprometer a prestação de serviços vitais, em um momento em que já foram amplamente contempladas.
Leia também…
https://www.cl.df.gov.br/-/cldf-aprova-reajuste-para-enfermeiros-e-especialistas-em-saude