Ativistas pedem revisão de contratos em frente ao Banco do Brasil
Ativistas do Greenpeace Brasil realizaram um protesto em frente à sede do Banco do Brasil em Brasília nesta segunda-feira (15), solicitando a revisão dos contratos de concessão de crédito rural.
De acordo com os ativistas, a ação visa demonstrar as consequências da falta de controle adequado na concessão desses recursos. Eles alegam que brechas e falhas na fiscalização permitiram a liberação de dinheiro a propriedades rurais acusadas de desmatamento da Amazônia, incluindo algumas localizadas dentro de terras indígenas. O Banco do Brasil é o maior operador desses recursos no bioma.
O banco contesta as acusações, afirmando que sua política de crédito observa critérios socioambientais. O levantamento sobre o financiamento de propriedades acusadas de irregularidades socioambientais integra um relatório do Greenpeace Brasil divulgado na semana passada, chamado “Bancando a Extinção; Bancos e investidores como sócios no desmatamento”.

Durante o protesto, cerca de 30 ativistas tentaram erguer um cenário que mostrava uma floresta desmatada, mas foram impedidos pelos seguranças da instituição. Apesar disso, a manifestação ocorreu de forma pacífica.
O relatório “Bancando a Extinção” aponta que três bancos públicos lideram a operação de crédito rural em estados da Amazônia Legal, respondendo por aproximadamente 70% dos valores dos contratos:
- Banco do Brasil: R$ 33,5 milhões ou 44,10%
- Caixa Econômica Federal: R$ 10,6 milhões ou 13.99%
- Banco da Amazônia: R$ 9,2 milhões ou 12,15%
No total, 164 instituições, entre bancos públicos e privados, cooperativas e sociedades de crédito, intermediaram contratos na Amazônia Legal em 2022.
O crédito rural, existente desde os anos 60, é um importante incentivo do governo ao setor, permitindo a concessão de crédito facilitado e até com auxílio do governo federal. Porém, segundo o Greenpeace Brasil, esse dinheiro tem financiado atividades agropecuárias em propriedades situadas dentro de terras indígenas e com histórico de desmatamento.
O Banco do Brasil afirmou que sua política de crédito observa critérios socioambientais na análise e condução de empréstimos e financiamentos, exigindo a apresentação de documentos que comprovem a regularidade socioambiental dos empreendimentos. Além disso, as operações de crédito contam com cláusulas que permitem a decretação do vencimento antecipado e a suspensão imediata dos desembolsos em caso de ocorrência de influências socioambientais.