Por Carlos Arouck
A ilusão acabou. A máscara do “governo do povo” caiu, e os números não mentem. Com apenas 23,9% de aprovação, segundo pesquisa Futura Inteligência/Apex Partners, o governo Lula entra oficialmente em colapso político. Não é mais desgaste é descrédito. Um presidente que voltou ao poder prometendo reconstruir o país agora vê sua popularidade desabar em tempo recorde, soterrada por escândalos, incompetência e uma distância abismal entre o discurso e a realidade.
A pesquisa, feita entre 12 e 13 de junho de 2025, revela um país farto. Mais de 47% dos brasileiros consideram o governo “ruim” ou “péssimo”. Não é obra de opositores. É o julgamento direto de um povo que esperou por resultados e recebeu desculpas. Que pediu segurança, emprego e estabilidade, e recebeu censura, manobras políticas e o retorno do velho fisiologismo.
O terceiro mandato de Lula será lembrado menos pelas promessas e mais pelas farsas. A imagem do líder popular, defensor dos pobres e guardião da democracia virou sombra de si mesma. O que se vê hoje é um presidente encastelado, cercado por escândalos e sustentado por alianças frágeis com setores que ele mesmo condenava no passado.
O escândalo do INSS, com fraudes em empréstimos consignados envolvendo entidades ligadas ao governo, expôs o velho PT em sua versão mais cínica: o partido que diz proteger o povo enquanto o explora. Não há “narrativa” que apague o fato de que aposentados foram usados como massa de manobra em mais um esquema de corrupção.
Lula prometeu crescimento e justiça social. Entregou inflação nos alimentos, recessão técnica e um Estado cada vez mais ineficiente. A tão vendida “volta por cima” virou estagnação disfarçada com slogans. O Brasil real da periferia, dos ônibus lotados, da fila do posto de saúde não comprou a versão do paraíso petista.
Enquanto o custo de vida sobe, o governo se ocupa em discutir censura nas redes sociais e defender aliados investigados. A pauta econômica virou secundária. O crescimento virou promessa adiada. O combate à pobreza virou marketing.
A crise não é apenas de gestão. É de visão. Lula parece governar o país com os olhos no passado, falando para uma militância que encolheu e tentando reviver um capital político que já evaporou. A retórica de “nós contra eles” já não mobiliza como antes ela cansa. E isola.
O conflito com o Congresso escancarou a incapacidade de articulação política. A relação com o STF, cada vez mais simbiótica, alimenta a percepção de aparelhamento institucional. O governo perdeu a conexão com a sociedade e se fechou em um circuito de poder autorreferente, onde críticas são vistas como ataques e opositores, como inimigos.
Não há mais como esconder: o projeto de poder do PT se sobrepôs ao interesse público. O país é governado com base em conveniências, lealdades políticas e uma retórica cada vez mais autoritária. A tentativa de controlar a informação por meio de regulações sobre redes sociais é apenas a ponta do iceberg. O que se busca é blindagem total jurídica, política e simbólica diante de um governo que não consegue mais entregar nada além de discurso.
O resultado disso é a erosão da confiança. Os 23,9% que ainda aprovam o governo não representam fidelidade: representam teimosia ou resignação. A maioria silenciosa já virou as costas. E parte da base que elegeu Lula está hoje desiludida, quando não revoltada.
O governo Lula III caminha para ser lembrado não como um retorno triunfal, mas como um erro histórico. Uma oportunidade desperdiçada. Um estelionato eleitoral em escala nacional. A promessa de pacificação virou polarização reciclada. O pacto com a esperança virou contrato com a frustração.
O fracasso não é apenas de um presidente é de um projeto inteiro que, mesmo diante de uma segunda chance, provou ser incapaz de evoluir. Em vez de mudança, Lula entregou repetição. Em vez de inovação, trouxe aparelhamento. Em vez de humildade, arrogância.
Agora, com a aprovação derretendo, o Planalto já não precisa de conselhos. Precisa de espelho. E coragem para encarar que o povo brasileiro não se engana duas vezes da mesma forma — a diferença é que, agora, a decepção é ainda maior. Porque veio depois da esperança.
No fim, Lula não será lembrado como o líder que voltou ao poder para unir e reconstruir o país, mas como o homem que enganou seu próprio povo pela segunda vez e conduziu o Brasil a um ciclo de estagnação, escândalos e desilusão. Sua imagem, antes símbolo da esperança popular, se transformou em um retrato da decadência política. E o mais irônico é que nem a esquerda fará questão de defendê-lo na história: será convenientemente esquecido, apagado dos discursos e abandonado pelas mesmas vozes que um dia o celebraram. Lula não apenas falhou — ele destruiu a confiança, o legado e as pontes que o Brasil mais precisava reconstruir.