Evair de Melo (PP-ES) aponta crime de responsabilidade e envolvimento do irmão do presidente no esquema investigado pela Polícia Federal
Em mais um episódio que agrava a crise ética no coração do poder, o deputado federal Evair de Melo (PP-ES) protocolou nesta quarta-feira (6) um pedido de impeachment contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), acusando-o de crime de responsabilidade por suposta omissão diante do escândalo bilionário de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O caso, investigado pela Polícia Federal, envolve servidores públicos, entidades sindicais e associações, movimentando ao menos R$ 6,3 bilhões de forma ilícita.
O estopim para a iniciativa do parlamentar foi o envolvimento do Sindicato Nacional dos Aposentados (Sindnapi) no esquema. A entidade tem entre seus dirigentes José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico — irmão do próprio presidente Lula. A presença de um parente direto do chefe do Executivo em uma organização alvo da operação policial acendeu o alerta para uma possível conivência ou, no mínimo, negligência do presidente diante de um esquema que desvia recursos públicos e compromete a já fragilizada credibilidade da Previdência Social.
“O silêncio de Lula diante de um escândalo dessa magnitude, protagonizado por um de seus familiares mais próximos, não é apenas constrangedor. É sintomático. A omissão de Lula diante de um esquema criminoso liderado por seu próprio irmão é mais que cúmplice: é criminosa. O Brasil não pode continuar refém de um projeto de poder sustentado por sindicatos, apadrinhados e impunidade. É hora de dar um basta”, declarou o deputado.
O pedido de impeachment prevê o afastamento imediato do presidente, seu julgamento pelo Senado Federal e, caso condenado, a suspensão dos direitos políticos por oito anos — uma punição dura, mas que, segundo Evair de Melo, se justifica diante da gravidade do caso.
A movimentação do deputado, embora de forte impacto simbólico, enfrentará obstáculos políticos consideráveis no Congresso, onde Lula ainda mantém uma base sólida. No entanto, o episódio lança luz sobre os vínculos opacos entre governo e entidades sindicais, e reacende o debate sobre os limites da responsabilidade política e familiar de um presidente da República.
Diante de um esquema que drena bilhões dos cofres públicos e afeta diretamente a população mais vulnerável — os aposentados —, a sociedade brasileira espera mais do que discursos. Exige investigação séria, responsabilização de todos os envolvidos e uma ruptura definitiva com práticas que colocam o Estado a serviço de interesses privados.