França: A direita ganhou, mas não levou

Compartilhar:
Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Foto: Redes Sociais

 

 

Por Carlos Arouck

Nas recentes eleições legislativas francesas, o cenário político foi sacudido por resultados surpreendentes e reveladores. Apesar da direita, representada pelo Reagrupamento Nacional (RN) de Marine Le Pen, ter conquistado 37% do voto popular, o sistema de segundo turno e as coalizões de outros partidos resultaram em uma distribuição desigual dos assentos na Assembleia Nacional.

 

O sistema eleitoral de dois turnos na França favorece a formação de coalizões e acordos políticos, muitas vezes prejudicando partidos que, apesar de terem alta votação no primeiro turno, não conseguem converter esses votos em assentos proporcionalmente. A Frente Popular (NFP), que inclui setores desde a esquerda moderada até a extrema esquerda, obteve 26% dos votos e garantiu 177 assentos. Já a coalizão de Emmanuel Macron, Ensamble (Ens.), ficou com 148 assentos com 22,3% dos votos. O RN, apesar de seu expressivo apoio popular, ficou com 142 assentos, mostrando a eficácia do conluio entre a esquerda e o centro para marginalizar a direita.

 

A trajetória do RN nas últimas décadas é impressionante. De nenhum assento em 1993, o partido passou a 1 assento em 1997, zerando novamente nos anos seguintes até alcançar números maiores a partir de 2012. Em 2017 eram 8 assentos, que cresceram para 89 em 2022, e agora, 142 em 2024. Este crescimento não pode ser ignorado e indica um fortalecimento contínuo da direita na França.

 

Marine Le Pen, após a divulgação dos resultados eleitorais, expressou sua preocupação: “A França ficará totalmente bloqueada com três grupos que têm mais ou menos a mesma influência na Assembleia Nacional. Estamos a perder mais um ano, mais um ano de imigração não regulamentada, mais um ano de perda de poder de compra, mais um ano de explosão da insegurança no nosso país.”

 

O cenário político francês, com 208 deputados de partidos de direita contra 177 da coalizão de extrema esquerda, indica uma configuração de poder altamente fragmentada. A incapacidade de formar uma maioria clara sugere que a governabilidade será um desafio, potencialmente levando a um aumento da insatisfação popular. Com a eleição de 208 deputados de partidos de direita, existe uma significativa presença conservadora no parlamento, o que aponta para uma possível mudança nas próximas eleições presidenciais.

 

A análise da distribuição dos assentos ressalta a complexidade do sistema político francês e a habilidade das coalizões em influenciar os resultados. A acusação de “conluio marxista” nas eleições reflete a tensão política e ideológica no país.

 

Os resultados eleitorais de 2024 indicam um fortalecimento significativo da direita na França, mesmo sem a maioria dos assentos na Assembleia Nacional. A fragmentação e a necessidade de coalizões fazem com que o país enfrente grandes desafios de governabilidade. No entanto, o crescimento notável do RN sugere que Marine Le Pen e seus aliados estão se tornando uma força cada vez mais dominante na política francesa, com implicações profundas para os próximos anos.

Mais lidas

Almoço de Claudio Abrantes reúne cerca de ...
Vídeo: Senador colombiano é baleado em ate...
Contra a fome: Sesc Mesa Brasil em ação
...