Nas redes sociais policiais e bombeiros estão revoltados porque Fraga não ouviu as tropas antes de fazer uma reunião de militares onde a maioria são praças num clube de oficiais
No próximo dia 13 de dezembro os pré-candidatos à presidência da república e ao governo do Distrito Federal, os militares Jair Bolsonaro e Alberto Fraga, se reunirão com policiais e bombeiros no Clube dos Oficiais da Polícia Militar (COPOM) localizado no setor de clubes sul. A reunião tem como objetivo demonstrar ao presidenciável o apoio das categorias à candidatura dele à presidência.
No seio das casernas, composto por mais de 90% de praças, a reunião nesse momento não soou bem. Um dos motivos foi a possibilidade de se levantar a ira do governador Rollemberg, adversário político de Fraga, e atrapalhar as promoções das praças previstas para o próximo dia 26 como forma de retaliação.
Nas redes sociais os protestos foram grandes. Policiais e bombeiros acham que a reunião deveria, na pior das hipóteses, ser realizada num local neutro diferente do reduto do oficialato da corporação e em data posterior às promoções, já que o local traz lembranças traumáticas à maioria dos policiais e bombeiros. Foi nesse local, comandada pelo então Chefe da Casa Militar do governo Agnelo Queiroz, coronel Rogério Leão e na companhia do comandante geral a época, coronel Anderson Moura, que os oficiais da corporação aplicaram um golpe na assembleia das praças realizada na Praça do Buriti na mesma manhã do dia 18 de fevereiro de 2014.
RELEMBRE O CASO
Na época, a luta por reajustes salariais estava no ápice. O GDF havia oferecido aos policiais militares um reajuste de 22% nos salários parcelado em três anos. No caso dos benefícios, os reajustes variavam entre R$ 560, para praças, e R$ 1,2 mil, para oficiais. As praças rejeitaram a proposta do governo por unanimidade.
Inconformados com a decisão da maioria da corporação houve uma articulação da Casa Militar com o comando da PM e outra assembleia foi convocada pela Associação de Oficiais da Polícia Militar (Asof) para a tarde do mesmo dia. Nessa assembleia foi determinado a todos os comandantes de batalhões que escalassem praças e oficiais, com meios logísticos da corporação como viaturas e micro-ônibus e se dirigissem ao COPOM (Clube dos Oficiais da Polícia Militar) que segundo os organizadores chegou a 4 mil pessoas, diferentemente dos mais de 10 mil que haviam se reunido pela manhã na Praça do Buriti.
Segundo afirmou o comandante da PM à época, Anderson Moura, a decisão tomada pela manhã não tinha validade, pois foi votada por “policiais novinhos que acabavam de chegar e que mal conheciam a Esplanada dos Ministérios. Afirmou ainda: “Eu não reconheço aquela manifestação como sendo das praças, pois eles estavam aqui, todos os sargentos e subtenentes da polícia militar. Lá não tinham militares. Lá tinham candidatos que querem ser militares e que ainda não são”.
TIRO ERRADO DE FRAGA
Para os militares, mesmo Fraga sendo o único representante legitimado das classes no parlamento, o tiro pode ter saído pela culatra. Não era o momento oportuno para essa reunião diante da intransigência política do governador que nada faz pelas forças de segurança do DF e pelo fato de não ter consultado a maioria da categoria que é composta por praças. “Uma decisão dessas não pode ser tomada unilateralmente. Somos a maioria e deveríamos ter sido consultados. Agora se o deputado quer colher os louros políticos do evento é bom que ele saiba que não é unanimidade na tropa e que oficiais sozinhos não o elegem nem a federal, quiçá governador”, afirmou um militar ouvido pelo blog que pediu para não ser identificado.
Vídeo Cel Leão
Vídeo do golpe Cel Anderson Moura
Redação