Fogo, fumaça e a urgência da educação pública

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Se a política se desvirtua quando vira profissão, imagina quando vira espetáculo, como presenciamos na Sessão da Comissão do Meio Ambiente do Senado da República, do dia 04 de setembro do corrente ano. A Senadora Leila Barros – nossa famosa Leila do Volei – presidente da Comissão do Meio Ambiente do Senado da  República -, tomada de indignação iracunda – no sentido do eterno Darcy Ribeiro, – fez um desabafo de quem está de fato preocupada com o Brasil.

 

Chamava atenção, a senadora, para o fato do Brasil está pegando fogo, esfumaçado, se degradando ecologicamente…; e nossos doutos senadores, na referida sessão, só curtindo likes, selfies, twitando – num verdadeiro teatro de ópera bufa, – para fazer justiça ao Mestre do Cosme Velho. Um verdadeiro escárnio a atitude dos senadores com a política ambiental, a ministra Marina Silva e com a Senadora Leila Barros; e mais – um deboche contra o Brasil Real!

 

Que fala pertinente, a da Senadora Leila; que falta de vergonha na cara de alguns dos nossos representantes! O Brasil real a caminho de uma catástrofe ecológica; e o teatro da representação bufa achincalhando as brasileiras e os brasileiros – no país da fantasia.  A impressão que nos passa é que, àqueles e àquelas que se dizem nossos representantes acham que estão fazendo um grande favor ao povo brasileiro. Faria um grande favor, se a cidadã e o cidadão não votassem nessas figuras, nunca mais!

 

Realmente, vivemos dois Brasis: um real – que vive uma fome de espírito público; carente cognitivamente e analfabeto político; outro, simulado – que faz de conta que defende os interesses nacionais através das bravatas da hipocrisia – já que essa é a última homenagem que o vício prega virtude! E nossos doutos representantes nada mais  são do que fantoches a serviço de uma lógica da política mercadológica – tomada que está pela administração do capitalismo; e servem mais ao folclores das fantasias esquizofrênicas, de quem não encontrou Freud na esquina.

 

Como se já não bastassem queimadas, resultantes do projeto desumano, tanático, das elites brasileiras, ainda usam essas senhoras e esses senhores a cortina de fumaça da insensatez, através das mídias sociais – começando por fomentar paulatinamente a mentira parecer verdade; e depois estão descaracterizando a própria verdade. E o pior, o povo brasileiro, repito – carente cognitivamente e analfabeto político -, acredita nessa gente. Acredita ainda que não há aquecimento global; que são normais as queimadas.  E o Brasil Real que se vire! Aliás, há consideração dessa gente pelo povo brasileiro: ou esse é apenas um detalhe? – como teria expressado a ex-ministra Zélia Cardoso de Melo.

 

Perguntam a cara leitora e o caro leitor, como isso pode mudar? O Brasil será sempre essa passarela aonde desfilam as baixejas nacionais…? Não há saída; nem uma luz ao fim do túnel – mesmo que seja o trem na contramão, como dizia Milor Fernandes?  Há sim; e contrariando o nosso grande humorista, não se coloca problema que não venha acompanhado de sua antítese, já que o problema é a própria tese.

 

A saída está na Educação Pública – com escolas no período integral, a qual aventa em seus princípios o lócus do processo civilizatório. E por processo civilizatório, se entenda os caminhos de uma nação. O que se deseja a curto, médio e longo prazo. Mas as elites brasileiras – nefastas e perversas – pensam voltadas para o próprio umbigo; só no – aqui agora, desviando o povo do caminho a ser trilhado; caminho da ética, da decência e do espírito públicos E não se vive para o sentido de agregar às diversidades humanas, os mecanismos sociais; vale apenas os bens materiais, apenas enquanto bem materiais, – reduzindo a dignidade humana ao sentido de mercado; nem interação entre ser humano e natureza se faz mais. A natureza está esvaziada – no sentido expresso de natureza enquanto alimento da alma do ser humano, e desse ao encontrar o próprio sentido de ser na Pangéia.

 

O retorno do ser humano às condições naturais de sustentabilidade, num país como o Brasil – desagregado social e ecologicamente -, só faz sentido com uma Educação Pública de Qualidade voltada a reestabelecer a unidade socioecológica, cindida e corrompida, com a Mãe Terra. Ou para citar a grande alma, Leonardo Boff, no seu Brasil: concluir a refundação ou prolongar a dependência? Inclusão da natureza, com seus bens e serviços, e da Mãe Terra, com seus direitos, na constituição de um novo tipo de democracia socioecológica, à altura da consciência ecológica que reconhece todos os seres como sujeitos de direitos, formando um grande todo: Terra-natureza – ser humano – única base capaz de garantir o futuro da vida e de nossa civilização.

 

*José Gadêlha Loureiro, professor de História e Secretário Geral da ADEEP-DF (Associação de Diretores e Ex-Diretores das Escolas  Públicas da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal

 

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