Comum em meninos, esse problema também aparece nos homens adultos. Saiba o que causa fimose e o que fazer para prevenir e tratar (de cremes a cirurgia).
Por Maria Tereza Santos
O que é fimose?
Trata-se da dificuldade ou impossibilidade de expor adequadamente a glande — a cabeça do pênis — devido ao excesso de pele que cobre a região. Essa pele, aliás, se chama prepúcio. Praticamente todos os meninos nascem com a condição, porém, na maioria deles, a fimose desaparece com o tempo. Quando o problema persiste, causa sintomas desagradáveis (dor, dificuldade para urinar etc) e exige tratamento, que pode incluir cirurgia.
Tipos de fimose e quais são as causas
O urologista Francisco Tibor, chefe do Departamento de Uropediatria da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), explica que existem basicamente dois tipos de fimose: a primária (ou fisiológica) e a secundária (ou patológica).
“A que ocorre nos primeiros meses ou anos de vida é considerada fisiológica. É uma situação transitória que normalmente evolui para uma resolução espontânea”, afirma Tibor. Ou seja, ela é normal e não traz quaisquer preocupações.
Com 1 ano de idade, aproximadamente metade dos garotos ainda não consegue expor a glande. Aos 3 anos, o número cai para cerca de 10%.
Os médicos diagnosticam a fimose secundária quando, mesmo com o passar do tempo, a criança continua incapaz de realizar esse ato. Nesse caso, a situação só se resolve com tratamentos, que falaremos adiante.
Sintomas de fimose
- Incapacidade de expor a glande
- Dor durante as relações sexuais
- Assaduras e cicatrizes nos genitais
- Inchaço
- Sangramento
- Secreções com mau cheiro
- Dificuldade ao urinar
Fimose em adulto X criança
“A incidência é bem menor em adultos”, pondera Tibor. Uma das principais razões — que também pode afetar a meninada — é a falta de higiene. “É possível surgir uma infecção ou acúmulo de urina no interior da cavidade prepucial”, complementa o urologista.
Com isso e com o possível inchaço, fica complicado tirar o prepúcio da frente para expor a glande. É mais um motivo para não deixar de limpar o órgão genital.
“Se o adulto apresenta processos inflamatórios crônicos, é possível que desenvolva a fimose secundária”, relata o médico. Aí, é preciso cuidar da raiz do problema.
Quando a criança não consegue descobrir a cabeça do pênis porque o prepúcio está “grudado” nela, estamos diante de uma aderência. Lembre-se: a fimose é provocada pelo excesso de pele.
Ao longo dos anos, a aderência se desfaz naturalmente. Mas não é fácil distinguir essas duas condições se você não possui olhos treinados. Se notar qualquer coisa suspeita, o ideal é procurar um médico.
Como é feito o diagnóstico da fimose
O especialista mais indicado para saber se você tem fimose é o urologista. Nas crianças, o próprio pediatra dá conta do recado.
“Um bom exame físico é suficiente para estabelecer se existe a condição ou não e determinar se ela é primária ou secundária”, informa o membro da SBU. É a partir dessa avaliação que o médico estabelece a estratégia para lidar com a fimose.
Como dissemos, a evolução do tipo fisiológico ocorre de forma natural. “Eventualmente, o laceamento da pele demora um pouco mais. Aí, os pais devem fazer exercícios prepuciais e tentar expor a glande”, orienta Tibor.
Mas atenção: isso deve ser feito sob recomendação médica — e sem forçar— a partir dos 2 anos de idade. Do contrário, há o risco de lesões e machucados.
“Já na fimose secundária, lançamos mão de um tratamento tópico com cremes à base de corticoides”, ensina o urologista. Eles ajudam a fazer a pele deslizar sobre a cabeça do pênis. Normalmente, esse período dura de quatro a seis semanas. Se tudo der certo, o paciente fica livre do problema.
Apesar de ser eficaz, quando o método não funciona ou quando a fimose é mais severa, só resta fazer a cirurgia.
Ela é chamada de postectomia, mas é conhecida como circuncisão. Tibor explica que, quando realizada por motivos religiosos ou em rituais, costuma acontecer bem cedo na vida. “Mas, do ponto de vista formal, ela é indicada nos casos de fimose secundária e inflamação repetida”, aponta.
Na cirurgia, é retirado o prepúcio ou são feitos cortes que permitam que a glande seja exposta. O ideal é realizá-la antes da adolescência, quando normalmente se inicia a vida sexual.
Independentemente da idade, ela sempre exige anestesia.
“É um procedimento simples. Fica apenas um curativo, que pode ser retirado em menos de uma semana. No dia seguinte, o paciente já volta para casa. Não tem muito cuidados específicos, a não ser na higiene local”, informa Tibor.
Nos bebês, a própria fralda serve como uma proteção aos atritos que aconteceriam em contato com a roupa.
“A sensibilidade na glande que surge nos primeiros dias logo desaparece e os adultos não vão sentir nenhum grande desconforto. Isso não trará prejuízos para uma futura atividade sexual”, tranquiliza o profissional.
Por outro lado, quando a fimose não é cuidada adequadamente, há risco de complicações, como dor durante o sexo, infecção urinária e maior propensão a contrair infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
Apesar de ser extremamente rara, essa condição também pode atingir as mulheres. Ela acontece quando existe uma aderência entre os pequenos lábios da vagina. Se a fimose feminina não desaparece sozinha, o especialista receita cremes tópicos que auxiliam na separação.
A versão primária não tem prevenção, já que ocorre com todos os meninos. Para evitar a patológica, higienize o pênis direito, com água e sabão.