Eu te darei o céu, neném

Compartilhar:
Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram

 

 

Por Miguel Lucena

Bosco Ribeiro, um caboclo de meia altura, filho do raizeiro e médico “doutor pés no chão” Luiz Ribeiro, lá de Princesa, destacava-se pelo timbre encorpado e a entonação certeira. Quase um tenor — se não fosse pelo pequeno detalhe: a memória traquina para as letras das músicas.

Cantava ao seu modo, com aquela ousadia de quem acha que compositor não manda nada. Os versos, ele reorganizava sem dó, mas sempre mantendo a rima e a emoção.

Quando se metia a cantar Agnaldo Timóteo, saía assim: “Seu Tenoro, sei que aqui eu vou morrer” — e ninguém sabia quem era o tal Tenoro, mas a convicção era de arrepiar. Já no clássico de Roberto Carlos, ele despejava sentimento: “Eu te darei o Céu, neném, e o meu amor tombém”.

Era um talento singular, mas tinha concorrência! Paulo Bocão, seu rival involuntário no quesito “licença poética involuntária”, soltava a plenos pulmões: “Eu me omilhei!”

E assim, entre notas trocadas e versos reinventados, Bosco Ribeiro seguia encantando plateias, provando que a música é, antes de tudo, uma questão de atitude.

Mais lidas

Casa de Chá renasce como joia do coração d...
Programação especial celebra aniversário d...
Drenar DF: a obra que fez Brasília respira...
...