Turismo. Tendências. Crise hídrica. Gestão da Saúde e dos Resíduos Sólidos. Indicações Geográficas. Economia Criativa. Sustentabilidade na prática. Todos estes assuntos foram abordados no primeiro dia do 4º Seminário Cidades que se Reinventam. Mais do que um encontro, o seminário é uma plataforma onde as palestras e sessões de perguntas e respostas ficam disponíveis para acesso dos participantes pelo período de seis meses. Quem quiser acessar e não tiver o link pode procurar o Sebrae da sua região.
Confira um panorama do que foi apresentado no dia 28 de setembro:
O painel Ressurgimento do Turismo contou com as participações de Sandra Carvão, chefe de Inteligência da Organização Mundial do Turismo e de Ricardo Freire, fundador e editor do Viagem na Viaje. Sandra destacou que as previsões mais otimistas para a recuperação do mercado de Turismo aos patamares de 2019 levam ao ano de 2024. Ela reforçou a importância de as cidades contarem com sistemas de medição sobre como os cidadãos e visitantes pensam sobre turismo para o desenvolvimento local. “A pandemia apresentou oportunidades para as cidades viverem novas experiências, avaliar seus moradores como consumidores de produtos turísticos locais, retomar o uso dos espaços abertos. É necessário valorizar o turismo doméstico”, destacou. Ricardo Freire, por sua vez, apontou a importância de facilitar o acesso do turista aos pontos atrativos. “Oferecer essas ofertas de passeios e todos os serviços pela internet ajuda o visitante a se programar e a não ter surpresas quando chegar. Desta forma ele aproveita mais a cidade, perde menos tempo e vai vir mais vezes. Assim todos saem ganhando.”
A Gestão das Águas foi o tema abordado por Angelo Lima, secretário executivo do Observatório das Águas. Ele explicou que o Brasil tem cerca de 12% a 13,7% da água do mundo, mas sua distribuição é desequilibrada – a região Norte tem cerca de 70% da água para uso de apenas 6% da população e o Sudeste tem 50% da população do País e apenas 6% da água em oferta. ”O primeiro desafio é equilibrar essa distribuição e oferecer água de qualidade para a população. Temos uma política nacional de recursos hídricos e por isso a necessidade dos municípios estarem integrados em consórcios, com participação dos comitês de bacias hidrográficas para olhar os potenciais, os desafios e atuar de forma ordenada e integrada para poder focar em políticas de abastecimento, preservação e na elaboração de planos de saneamento”, sugeriu.
A valorização de um produto pelo resgate histórico e cultural de quem produz foi o tema do Painel Indicações Geográficas, que reuniu exemplos vindos de produtores e empreendedores de duas cidades distintas do Sul do Brasil. No pequeno município de Corupá, na região Nordeste de Santa Catarina, 500 famílias de agricultores mantém uma tradição de 114 anos, por meio do cultivo da banana. A doçura se deve ao clima mais frio, em comparação a outras regiões de produção, que favorece o acúmulo de amido e a maior quantidade de açúcar natural na fruta. A mesma mobilização para agregar valor a um produto histórico é registada na cidade gaúcha de Pelotas, que desde o início do século 19 carrega a tradição doceira na cultura local, o que garantiu para o município o título de Capital Nacional do Doce.
A Gestão dos Resíduos Sólidos também foi tema do primeiro dia do seminário. Só no Brasil ainda existem três mil lixões ativos, segundo a mestre em ciências e geógrafa Gabriela Gomes Otero. Com 77 milhões de toneladas/ano, o país ocupa o 5º lugar do mundo no ranking dos geradores de lixo. Na última década, houve um crescimento de 19% na geração de resíduos, impactando a saúde de 77,6 milhões de brasileiros e gerando um prejuízo anual estimado em 1 bilhão de dólares. Para diminuir estes números, é preciso reciclar e trocar aquilo que não se deseja mais.
Henrique Miranda, chefe de Eletro-mobilidade da BMW do Brasil, abordou o tema Sustentabilidade na prática. Uma realidade que está se consolidando e vai se perpetuar no futuro está relacionada ao uso de veículos elétricos. “Essa nova tecnologia atende uma necessidade voltada à melhoria da qualidade do ar da cidade, a partir da redução da emissão de gás carbônico”. Segundo Miranda, o carro elétrico é a porta de entrada para mais geração de energia, principalmente a renovável, e o pontapé para mudanças de hábitos mais sustentáveis na vida das pessoas.
Muito além de providenciar atendimento em saúde, educação infantil e básica de qualidade e condições de mobilidade para seus cidadãos – questões que já fazem parte da agenda da maioria dos gestores públicos municipais – novas demandas precisam entrar na pauta do executivo e do legislativo. A avaliação é da especialista em cidades criativas Ana Carla Fonseca, que abordou 10 tendências para o futuro das cidades.
1. É preciso contar com espaços públicos de conexão.
2. A inovação deve ser distribuída pelos territórios e pelos grupos sociais
3. É importante investir em mobilidade multimodal e em novas energias
4. Quando se fala em sustentabilidade, é preciso dar espaço à regeneração
5. Valorizar os serviços ecossistêmicos
6. O foco deve estar no bem-estar em sentido mais amplo
7. Políticas transversais
8. Pensar do meio ao fim – da cidade ao cidadão
9. Capacitação em T (diálogo em muitas áreas de conhecimento)
10. Valorização da Aldeia