EPISÓDIO 4: O QUE ESGOTO TEM A VER COM EDUCAÇÃO E ENSINO? (A SÉRIE: CASOS ESCABROSOS DE AGRESSÃO DE ALUNOS, PAIS E RESPONSÁVEIS CONTRA PROFESSORES, ORIENTADORES EDUCACIONAIS E DIRETORES DE ESCOLAS)

Compartilhar:
Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram

 

Direto de Brasília-DF.

Como vimos dizendo, com o estabelecimento do sistema de merecimento (século XVI a nossos dias), os Estados democráticos de direito instituíram a competição como meio e a produtividade como merecimento, tanto no mercado de trabalho quanto no acadêmico.

A necessidade de trabalhadores com conhecimentos práticos e profissionalizantes reacendeu e acelerou o interesse em criar escolas por toda a Europa da Idade Moderna. Por óbvio, o que surgia no Velho Mundo espalhava-se como “lei” para os demais continentes conquistados ou expropriados. Essas escolas que surgiam tinham por objetivo ENSINAR disciplinas profissionalizantes e outras que estimulassem o pensamento cívico para a vida em sociedade.

Educação o ser humano recebia e recebe no seio de sua família, ao caminhar em meio à natureza, no convívio social com outras pessoas, no exercício do olfato que permite identificar, classificar e selecionar os odores que cada estação exala desde o delicioso cheiro das rosas, ao pútrido fedor do cocô que corria  à altura de dez centímetros ou mais, pelas ruas das cidades europeias antigas. Isto constatei, por exemplo, na visita que fiz às cidades de Hercolano e Pompeia, ao sul da Itália.

É espantoso como até hoje, em pleno século XXI, esgoto ainda é considerado política de luxo para a maioria dos países.

Por exemplo, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) com sua Pesquisa Nacional de Saneamento Básico-PNSB/2017, divulgou que 39,7% dos municípios brasileiros (mais de 2000 municípios dos 5.570) não possuem esgoto. Disse também:

– que não existia esgoto em 52,7% das cidades brasileiras;

– que a cobertura do esgotamento sanitário por rede passara de 55,2% (3.069 municípios) em 2008 para 60,3% (3.359) em 2017. Um dado miseravelmente assustador para o século XXI;

– que no Sudeste a rede de esgoto atendia a 96,5% das cidades, enquanto no Norte do Brasil(Amazonas, Pará, etc.) esse percentual era de apenas 16,2%. Por óbvio que aqui devemos considerar que a região Norte possui densidade demográfica pequena, com cidades distantes e em meio a rios e florestas, mas ainda assim não justifica tamanho descaso;

– que na região Nordeste o serviço de esgotamento sanitário estava presente em 52,7% dos municípios, 44,6% no Sul e 43% no Centro-Oeste.

A educação recebida no seio da família associada ao ensino recebido nas escolas, ainda é a solução para corrigirmos a maior parte das mazelas que nós mesmos criamos no planeta e no meio em que vivemos.

Sermos educados desde criança a respeitar a hierarquia natural que escalona quem manda e quem obedece cria ordem, senso de disciplina e ajuda a controlar a tendência às múltiplas guerras pelo poder, que travamos em nosso cotidiano, seja nas famílias, igrejas, salas de aula, ambientes de trabalho, etc.

Comparando a sociedade com uma família de lobos digo que “os lobinhos precisam se submeter, para que haja paz e ordem na alcateia”. Precisam ser educados a jogar lixo em seu devido lugar, a agirem de forma ética mesmo nascendo em famílias e vivendo em uma sociedade na qual prevalece o trambique e a corrupção como traços culturais. Afinal, cultura é mutável!

Não tenho a menor dúvida que a educação e o ensino são duas das ferramentas mais úteis para construção do caráter de um povo. A educação que as famílias proporcionam da década de oitenta do século passado até hoje está a passos largos humanizando coisas e coisificando humanos. Não ignoro, todavia, que cada década e século se constrói sobre as cinzas de seu anterior. Se para o bem ou para o mal é a cultura de cada um desses períodos, isto é a história quem diz. Olhando de hoje ao passado histórico é possível ver avanços e retrocessos acentuados.

O ensino, a sua vez, meramente livresco e ideologizado não passa de cumprimento de disciplinas curriculares (algumas obsoletas), e de esforços para fechamento de anos letivos com o mínimo de reprovação possível, inclusive de quem quase nada sabe, como se a forma fosse capaz de substituir o conteúdo.

É nesse círculo do faz de conta que alunos medíocres saem “aprovados” das escolas, para de imediato serem reprovados pela vida e tornarem-se vendedores de laranja, pinha, garrafas de água nos semáforos das cidades e alguns para engrossar o rescaldo social marginal das penitenciárias que não param de se multiplicar, como se estivéssemos criando uma sociedade paralela, alimentadas por pensamentos deterministas que alijam do processo o livre arbítrio e sempre transferem a culpa das ações e omissões individuais para um terceiro.

É nesse cenário que filhos medíocres tornam-se alunos medíocres, pais e mães medíocres, governantes medíocres, médicos e advogados medíocres, deputados e senadores medíocres, presidentes medíocres, juízes e ministros de tribunais, medíocres. Todos amalgamados em uma sociedade medíocre que despreza tanto a educação quanto o ensino e na qual ética e respeito pelas diferenças só existem no discurso. Todos querem o poder pelo poder. A Nação, o povo… que se dane!

Uma sociedade assim gera pais e mães/responsáveis, que acreditam que devem municiar com a razão a filhos, até mesmo quando jogam cadeiras nos professores, tocam fogo no cabelo de professoras ou descarregam o tambor do ódio que trazem em suas mochilas ou em seus corações amargurados e sem rumo.

É assim que seguimos o interminável círculo qual cão que corre atrás da salsicha amarrada no próprio rabo sem jamais alcançar seu intento.

Afinal, quem é vencedor em uma guerra dessas? Que sociedade estamos perpetuando? E, porque nos importamos tão pouco com isto?

Continua…

Mais lidas

Neymar pode ter feito sua última partida p...
CBF sorteia confrontos das oitavas da Copa...
Eduardo Paes veta “Dia da Cegonha Reborn” ...
...