Polícia investiga execução de empresário delator do PCC em Guarulhos e suspeita de falha na segurança
A Polícia Civil investiga a execução do empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, morto a tiros no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, na sexta-feira (8). O empresário, delator em um inquérito sobre lavagem de dinheiro do PCC (Primeiro Comando da Capital), havia escapado de um atentado em 2023, e a segurança que o acompanhava é alvo de suspeitas.
De acordo com informações da TV Globo, os seguranças de Gritzbach afirmaram que o veículo que deveria buscá-lo quebrou, deixando apenas um agente para sua escolta no aeroporto. A polícia, entretanto, questiona se todos os seguranças deveriam ter mantido a proteção em conjunto, independentemente do imprevisto. Gritzbach era um alvo visado devido às denúncias feitas contra o PCC, e a presença de um único segurança é vista com cautela pelos investigadores.
A perícia recolheu o celular da vítima no local do crime para análise, visando extrair mensagens e identificar possíveis pistas sobre o ocorrido. Há também suspeitas de que o empresário foi monitorado desde sua saída de Goiás, com os executores sabendo exatamente o horário de seu desembarque.
Quem era o empresário
Antônio Vinicius Lopes Gritzbach atuava como corretor de imóveis na zona leste de São Paulo, no bairro do Tatuapé, e tinha relações comerciais com Anselmo Bicheli Santa Fausta, o “Cara Preta,” um traficante que movimentava milhões de reais em atividades ligadas ao PCC. Cara Preta investia em imóveis de alto padrão, utilizando “laranjas” para evitar a atenção das autoridades, tarefa que era facilitada por Gritzbach.
Gritzbach se envolveu em um esquema de investimento em criptomoedas, no qual teria desviado R$ 100 milhões da facção criminosa. Em 2023, ele aceitou um acordo de delação premiada com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), que foi homologado pela Justiça em abril de 2024. Nos depoimentos, o empresário entregou documentos sobre empreendimentos da construtora Porte Engenharia e Urbanismo, apontando a venda de imóveis para integrantes do PCC e o pagamento em dinheiro vivo. Segundo a delação, executivos da construtora são suspeitos de ocultar a verdadeira identidade dos proprietários e de oferecer propinas milionárias a policiais civis.
As investigações seguem para esclarecer os detalhes do crime e as possíveis conexões com o crime organizado.