Venezuela realiza eleições presidenciais com Maduro Enfrentando críticas e questionamentos internacionais
Neste domingo (28), a Venezuela realiza eleições presidenciais em meio a intensos questionamentos dos Estados Unidos e da União Europeia sobre o sistema de votação e a postura do presidente Nicolás Maduro. Maduro sugeriu a possibilidade de um “banho de sangue” e uma “guerra civil” caso seja derrotado nas urnas.
Maduro ou Mudança?
Nicolás Maduro está no poder desde a morte de Hugo Chávez, seu predecessor, em março de 2013. Ao longo de mais de uma década, enfrentou crises, manifestações, perdeu popularidade e ordenou a perseguição de opositores. Sua reeleição em 2018 foi marcada por críticas de organizações internacionais que apontaram obstáculos para candidaturas opositoras e irregularidades no calendário eleitoral. O resultado não foi reconhecido por EUA, União Europeia e pelo Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos. Agora, em busca de um terceiro mandato, Maduro enfrenta acusações de perseguição a opositores e restrição à imprensa, sendo sustentado por dispositivos internos e apoio de alguns líderes estrangeiros.
Um de seus aliados históricos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, expressou preocupação com as declarações de Maduro sobre um possível “banho de sangue”. Maduro, no entanto, recomendou um “chá de camomila” a quem se assustou com suas ameaças.
Analistas internacionais consideram que, neste ano, Maduro enfrenta a disputa mais difícil para o chavismo. Pesquisas de intenções de voto apontam favoritismo para Edmundo González Urrutia, representante de María Corina Machado, que não pôde ser candidata após receber uma inabilitação política.
Com um total de 10 candidatos, incluindo Maduro, González e outros oito minoritários, González Urrutia emergiu como favorito em muitas pesquisas, após uma crise econômica que reduziu o PIB em 80% na última década, anos de hiperinflação e dolarização parcial da economia.
Processo Eleitoral
O sistema eleitoral da Venezuela utiliza votos computados eletronicamente e enviados por um sistema próprio, sem conexão com a internet, para uma central que totaliza os votos. Posteriormente, há uma verificação por amostragem para comparar os votos eletrônicos com os depositados em papel na urna.
O sistema é criticado pela oposição venezuelana desde 2004 por supostas fraudes, com exceção de 2015, quando venceram as eleições para a Assembleia Nacional. No entanto, especialistas e organizações defendem a integridade do sistema, embora apontem problemas relacionados ao entorno eleitoral.
Em 2012, o ex-presidente dos EUA Jimmy Carter elogiou o sistema, mas a mesma organização, o Centro Carter, criticou a repressão política registrada no país. A segurança do voto também é respaldada pelo Observatório Global de Comunicação e Democracia, que, embora confirme a funcionalidade do sistema automatizado, destaca problemas ao redor do processo.
Fiscalização da Votação
A oposição a Maduro registrou observadores para todas as mais de 30 mil mesas eleitorais do país, com o objetivo de garantir a transparência do processo e evitar episódios de fraude e desigualdade registrados em eleições anteriores. Organizações venezuelanas e internacionais, incluindo o Centro Carter e técnicos das Nações Unidas, estarão envolvidos na observação, apesar da ausência da comitiva da União Europeia, que foi vetada pelo governo venezuelano após renovação de sanções econômicas contra o país caribenho.
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) do Brasil desistiu de enviar observadores após Maduro desqualificar o sistema eleitoral brasileiro, uma declaração desmentida pela corte. No entanto, o governo brasileiro enviará o embaixador Celso Amorim, assessor internacional da Presidência, conhecido por suas boas relações com o governo venezuelano.
Questionamentos da Oposição
Dos dez candidatos, dois, incluindo Edmundo González, não assinaram um acordo para reconhecer o resultado eleitoral. González questionou a validade do acordo, citando a experiência com os Acordos de Barbados, que, segundo ele, se tornaram letra morta.
Com informações da Agência Brasil