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Cerimônia reuniu artistas, produtores e homenageados no Teatro Sesc Newton Rossi, em Ceilândia. Cinco iniciativas foram premiadas e três grandes nomes da cultura candanga receberam honrarias especiais
Por Wallison Ramon
A noite desta quarta-feira (3) foi de celebração para a cultura do Distrito Federal. O Teatro Sesc Newton Rossi, em Ceilândia, recebeu a cerimônia do Prêmio Sesc de Cultura 2025, reunindo artistas, produtores e representantes de diversas linguagens que movimentaram os palcos e espaços culturais da instituição ao longo do ano. Ao todo, foram distribuídos R$ 100 mil em premiações, reafirmando o compromisso do Sesc-DF com a valorização da arte local.
Cinco categorias foram reconhecidas, cada uma contemplada com troféu e o valor de R$ 20 mil. O prêmio reforça a aposta do Sesc-DF na diversidade da cena artística do DF, na democratização da arte e no impacto transformador da cultura.
Confira os Vencedores do Prêmio Sesc de Cultura 2025
• Qualidade e Desenvolvimento Estético: Fahrenheit – Cantos e Contos, de João Ferro
O trabalho se propõe a investigar e questionar o universo masculino. No palco, dez atores se revezam ao trazer memórias pessoais com os estereótipos de ser homem, em uma performance imersiva sobre novas masculinidades, na qual o público dialoga com os intérpretes, tornando-se instrumento fundamental da narrativa.
• Inovação e Originalidade: Assombros, de Iam Mott e Simone Reis
O espetáculo busca integrar as linguagens das artes visuais, cênicas e sonoras e fazercom que o visitante vivencie uma experiência única.
• Impacto Social: Fórum Distrital de Mulheres no Hip Hop, de Verônica Braga
Fórum trabalha com encaminhamentos e demandas voltadas à equidade de gênero, combate à violência e garantia de direitos das mulheres no rap, breaking, grafite e na profissão de DJ.
• Relevância Cultural e/ou Artística: 25 anos dos Irmãos Saúde, da Cia. Circo Teatro Artetude
Os Irmãos Saúde realizaram uma turnê gratuita chamada “Circolando Artetude” pelo Distrito Federal em 2025, com espetáculos, oficinas e apresentações de outros artistas. Os palhaços Xaubraubrau e Raquaquá apresentaram o espetáculo “O Circo dos Irmãos Saúde”, que mistura acrobacias, malabarismos, música e mágica, e também exibiram o documentário sobre sua trajetória, “Cuidado! Palhaços”
• Projeto Destaque: Memória Matriz, da Lumiato Teatro de Formas Animadas
Memória Matriz apresenta a relação entre uma mãe e uma filha, atravessada pelos legados geracionais e as tecnologias de gênero que um determinado momento histórico impõe no processo de constituir-se “mulher”. As memórias das relações familiares são simbolicamente apresentadas, conduzindo a protagonista a se reencontrar com o passado, abrindo novos caminhos e possibilidades de escolha.
A vencedora da categoria Impacto Social, Verônica Braga, responsável pelo Fórum Distrital de Mulheres no Hip Hop, não escondeu a emoção pelo prêmio.
“Meu coração está explodindo de felicidade. A gente se inscreve em um prêmio desse sabendo a importância do que realizou e de como isso causa impacto nas pessoas que participaram. Mas, quando a gente ganha, mostra que estamos no caminho certo, mostra que o local escolhido foi o certo. Só tenho que agradecer a essa casa. Vida longa ao Sesc”, afirmou a artista.
Homenagens a grandes nomes da cultura candanga
Além dos premiados, três personalidades que marcaram a história da arte e da cultura no DF receberam homenagens especiais: Ralph Gehre, Dadá do Barro e GOG. Cada um deles representa uma trajetória de compromisso, resistência e contribuição profunda ao cenário cultural da capital.
“Estar aqui hoje me emociona porque eu sei de onde eu vim. Sou Brasília, sou Ceilândia, sou a quebrada que aprendeu a transformar deserto em poesia. Quando a gente sobe num palco como esse, não é só a nossa história que chega: vem junto a infância, os amigos que ficaram, os que partiram, a rua que ensinou mais que qualquer sala de aula. O rap me deu o mundo, mas foi a minha quebrada que me deu sentido. E é por isso que eu sigo: porque quando a periferia vence, todo mundo escuta”, afirmou o cantor GOG.
Ralph Tadeu Gehre
Nascido em 1952, em Três Lagoas (MS), Ralph Gehre vive em Brasília desde 1962 e iniciou sua carreira artística na década de 1980. Formado em Desenho e Plástica e em Arquitetura e Urbanismo pela UnB, desenvolveu uma obra marcada pela relação entre imagem e palavra, explorando cor, composição e processos de leitura. Com trabalhos em pintura, desenho, fotografia e mídias gráficas, Gehre é uma das grandes referências das artes visuais no DF.
Dadá do Barro
– Idalete Silva, conhecida como Dadá do Barro, é presidente do Instituto Maria do Barro, criado para preservar o legado da artesã e militante social Maria do Barro. Nascida em Bacuri (MA), Idalete chegou ao Distrito Federal nos anos 1990 e, desde 2006, conduz projetos de formação, inclusão e valorização do artesanato em cerâmica, impactando mulheres de diversas regiões do DF.
GOG
O rapper GOG (Genival Oliveira Gonçalves), nascido em Sobradinho em 1965, é um dos pilares do hip hop nacional. Com mais de 30 anos de carreira e uma dezena de álbuns lançados, é conhecido pela potência de suas letras e pelo compromisso com a transformação social. Em 2024, inaugurou a Casa GOG, espaço sociocultural que amplia sua atuação para além da música.
Em 2025, mais de 600 mil espectadores passaram pelos espaços culturais do Sesc-DF, número que reforça o papel da instituição como um dos principais promotores da cultura no Distrito Federal.
O diretor regional do Sesc-DF, Valcides Araújo, reiterou o compromisso da instituição:
“Nós acreditamos na cultura brasileira e na transformação social por meio dela. O Sesc-DF seguirá trabalhando para democratizar a cultura e levá-la a todas as regiões do DF.”
A edição 2025 do Prêmio Sesc de Cultura não apenas celebrou produções artísticas, como também reafirmou o valor da memória, do trabalho coletivo e da força criativa que move a capital do país.
