Moraes defende STF em entrevista ao Washington Post e rebate críticas dos EUA
Em entrevista exclusiva ao The Washington Post, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou que a Corte está “preservando a democracia brasileira” e, por isso, não recuará. “Não há a menor possibilidade de retroceder nem um milímetro. Faremos o que é certo: receberemos a acusação, analisaremos as provas e quem deve ser condenado será condenado, e quem deve ser absolvido será absolvido”, declarou, durante uma conversa de uma hora em seu gabinete.
Nos Estados Unidos, no entanto, Moraes é visto de forma crítica. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, o classificou como “juiz e júri em uma caça às bruxas ilegal”, enquanto o secretário de Estado adjunto, Christopher Landau, o chamou de “rosto mundial da censura judicial”. Questionado sobre essas acusações, o ministro disse ao jornal que “a acrimônia não é mútua” e destacou sua admiração pela história da governança americana, citando figuras como John Jay, Thomas Jefferson e James Madison. “Todo constitucionalista tem uma grande admiração pelos Estados Unidos”, observou.
Moraes afirmou acreditar que o distanciamento atual entre Brasil e Estados Unidos é passageiro, resultado de disputas políticas e da disseminação de desinformação. Ele responsabilizou o deputado federal Eduardo Bolsonaro por liderar uma campanha internacional contra o Brasil e em favor de sanções contra magistrados brasileiros. “Essas narrativas falsas acabaram envenenando a relação – narrativas falsas apoiadas pela desinformação espalhada por essas pessoas nas redes sociais”, declarou.
Sobre as restrições impostas a ele pelo governo americano, como a perda de liberdades pessoais e limitações de viagem, Moraes admitiu: “Não é algo agradável de passar”. Ainda assim, reforçou que considera seu papel central na proteção da democracia. “O Brasil enfrenta forças poderosas que querem desfazer a democracia, e é meu trabalho detê-las. Enquanto houver necessidade, a investigação continuará”, concluiu.