Levantamento nacional revela que, se as eleições presidenciais fossem hoje, o segundo turno seria marcado por forte polarização entre Lula e Bolsonaro
O mais recente levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, divulgado nesta segunda-feira (27/10), revela um quadro de elevada polarização e fragmentação do eleitorado brasileiro. A sondagem indica que, caso as eleições presidenciais fossem realizadas hoje, o segundo turno voltaria a ser disputado entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) — cenário semelhante ao de 2022, mas agora com um eleitorado mais cético e disperso.
A pesquisa ouviu 2.020 eleitores entre os dias 21 e 24 de outubro de 2025, abrangendo 26 estados e o Distrito Federal, em 162 municípios. O levantamento possui margem de erro de 2,2 pontos percentuais e nível de confiança de 95%, configurando um retrato técnico da atual conjuntura eleitoral.
No cenário espontâneo, Lula aparece com 24% das intenções de voto, seguido por Bolsonaro, com 16,3%. Outros nomes testados obtiveram desempenho tímido: Tarcísio de Freitas (1,9%), Ciro Gomes (0,8%), Ratinho Junior (0,8%), Michelle Bolsonaro (0,4%) e Ronaldo Caiado (0,3%). O índice de indecisos e desinteressados, entretanto, é expressivo — 48,8% afirmaram não saber ou não opinaram, e 5,9% declararam voto nulo, branco ou em ninguém.

Para o diretor do Instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, o resultado reforça o equilíbrio entre os polos políticos:
“Levando em consideração os resultados dos cenários de segundo turno, se as eleições fossem hoje, teríamos eleições muito equilibradas”, afirmou.
Diagnóstico técnico e leitura crítica
Os números do levantamento reforçam um dado preocupante para o sistema político: a persistência de um país dividido entre duas lideranças personalistas, com baixo espaço para renovação. A alta taxa de indecisos — próxima de 50% — revela descrença no sistema político e saturação dos discursos tradicionais.
Analistas políticos observam que o quadro de bipolarização tende a engessar o debate público, dificultando o surgimento de novas pautas e lideranças capazes de representar o centro democrático. Além disso, a disputa concentrada entre Lula e Bolsonaro, mesmo após anos de crise política e judicial, expõe a fragilidade estrutural dos partidos brasileiros, que continuam dependentes de figuras carismáticas e do conflito ideológico.
Do ponto de vista técnico, a pesquisa do Paraná Pesquisas oferece um retrato confiável da opinião pública, mas também expõe o esgotamento do modelo eleitoral baseado na polarização. A ausência de nomes competitivos fora do eixo PT–direita radical indica uma crise de representatividade que poderá repercutir nas urnas e na estabilidade democrática em 2026.
Cenário em aberto
Com o eleitorado dividido e metade da população ainda indecisa, o cenário de 2026 se desenha como um dos mais incertos desde a redemocratização. Caso o país repita a polarização entre Lula e Bolsonaro, a disputa tende a ser marcada por forte tensão política, judicialização e desinformação, colocando em prova a resiliência das instituições democráticas brasileiras.
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