Depois de quase uma semana de crise, o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) anunciou no fim da tarde desta segunda-feira, 18, a exoneração de Gustavo Bebianno do cargo de ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência. A decisão, que representa a primeira queda de um membro do alto escalão do governo, foi anunciada pelo porta-voz do Palácio do Planalto, Otávio do Rêgo Barros. Segundo o porta-voz, a demissão se deu por razão de “foro íntimo” do presidente. No lugar de Bebianno ficará o general Floriano Peixoto, atual secretário-executivo da pasta.
“O excelentíssimo senhor presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, decidiu exonerar nessa data do cargo de ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República o senhor Gustavo Bebianno Rocha. O senhor presidente da República agradece sua dedicação à frente da pasta e deseja sucesso na nova caminhada”, afirmou Rêgo Barros.
Respondendo a perguntas de jornalistas, o porta-voz declarou que “não é verdade” que a exoneração foi assinada na sexta-feira 15 por Bolsonaro e que a demissão demorou tanto a ser anunciada porque o presidente levou em conta “vários atores e varias ações” para chegar a uma decisão “mais consensual e maturada possível”.
Rêgo Barros afirmou ainda que Jair Bolsonaro não citou nenhuma informação a respeito das três conversas que Bebianno disse ter tido com o presidente em meio às denúncias de irregularidades no financiamento de candidaturas do PSL, que o agora ex-ministro presidiu durante a campanha eleitoral.
Na quarta-feira 13, após Gustavo Bebianno ter declarado ao jornal O Globo que vinha falando normalmente com Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, afirmou no Twitter que Bebianno mentiu. Carlos publicou ainda um áudio em que o pai se nega a falar com o ministro. “Ô Gustavo, tá complicado eu conversar ainda, então não vou falar, não vou falar com ninguém, a não ser estritamente o essencial. Tô em fase final aqui de exames para possível baixa hoje, tá ok? Boa sorte aí”, disse o presidente na gravação.
As postagens de Carlos Bolsonaro foram compartilhadas pelo próprio Bolsonaro no mesmo dia, em um endosso claro por parte do presidente em relação à acusação de que Bebianno havia mentido.
Embora negasse desentendimentos, Gustavo Bebianno voltou a ser exposto quando Bolsonaro, em entrevista à RecordTV, disse que a Polícia Federal investigaria o caso dos laranjas e que o ministro poderia cair caso se comprovasse envolvimento. O governo se dividiu sobre a melhor forma de conduzir a crise, com setores defendendo a permanência de Bebianno. Ainda assim, no sábado, após se reunir com Bolsonaro, o próprio ministro declarou que “a tendência” era a exoneração. (Veja)