CPI do Jockey: o cavalo milionário de Marconi

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CPI vai apurar suspeitas de desvio de R$ 83 milhões em incentivos fiscais e verbas da Lei Rouanet destinadas ao Jockey Club de São Paulo. Ex-governador nega envolvimento

 

A Câmara Municipal de São Paulo aprovou, na última quarta-feira (29/10), a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar suspeitas de desvio de R$ 83,6 milhões em recursos públicos e irregularidades fiscais envolvendo o Jockey Club de São Paulo. A decisão ocorre após reportagem do UOL revelar que parte dos incentivos fiscais concedidos à entidade teria sido desviada para empresas e pessoas próximas ao ex-governador de Goiás e presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo.

A CPI, proposta pelo vereador Gilberto Nascimento (PL), pretende apurar gestão de débitos tributários, alienação de potencial construtivo e omissões de órgãos públicos. O colegiado, que contará com nove membros, ainda aguarda definição da data de instalação. Para viabilizar a investigação, o Legislativo paulistano alterou o Regimento Interno, permitindo a criação de até quatro CPIs simultâneas nas sessões de 2025 e 2026.

O foco das investigações

Segundo as denúncias, o Jockey Club teria recebido R$ 22,4 milhões via Lei Rouanet e R$ 61,2 milhões por mecanismos municipais de compensação fiscal. Parte desses valores teria sido direcionada a empresas com vínculos diretos com o ex-governador.

Entre elas está a produtora cultural Elysium, responsável pela representação do Jockey desde 2020. A empresa foi transformada em Organização Social de Cultura (OSC) em 2014, por decreto assinado pelo próprio Perillo, quando ainda era governador de Goiás. Documentos apontam que a Elysium contratou fornecedores ligados à família de Débora Perillo, prima do tucano, e repassou valores expressivos a construtoras sem sede física ou com atividades incompatíveis com os contratos firmados.

A Construtora Vidal, por exemplo, recebeu R$ 11,2 milhões, mas não foi localizada nos endereços informados — um deles, um apartamento residencial no Itaim Bibi. Já a Ambiência Arquitetura e Restauro, listada como beneficiária de R$ 1 milhão, negou ter realizado qualquer obra de valor semelhante. A empresa Biapó confirmou ter participado das reformas, mas não informou os valores recebidos.

Além disso, auditorias identificaram notas fiscais duplicadas em prestações de contas apresentadas tanto à Prefeitura de São Paulo quanto ao Ministério da Cultura, o que resultou na rejeição das contas do Jockey.

Gastos incompatíveis e irregularidades

As despesas suspeitas incluem compras de medicamentos, dedetizações em Goiânia e jantares em restaurantes de luxo da capital paulista, como Osaka e Aze Sushi — todos pagos com verba pública. A Elysium justificou os gastos como “custos administrativos”, mas o Ministério da Cultura já havia vetado o uso de recursos da Lei Rouanet para cobrir despesas com bebidas alcoólicas e refeições não diretamente ligadas à execução dos projetos culturais.

Reação de Marconi Perillo

O ex-governador Marconi Perillo, que se mudou para São Paulo em 2019 após perder a eleição para o Senado por Goiás, passou a integrar o conselho do Jockey Club em 2022. Ele negou qualquer envolvimento nas irregularidades, classificando as denúncias como “leviandade absurda”.

Perillo afirmou conhecer apenas “de vista” a empresária Débora Perillo e disse que a coincidência de sobrenome “não caracteriza relação pessoal”. O tucano também acusou setores da imprensa de promover uma campanha de ataques políticos, alegando que as contas do Jockey e da Elysium estão regulares e auditadas.

Enquanto isso, a CPI deve iniciar os trabalhos nas próximas semanas, com expectativa de convocar diretores do Jockey, representantes das empresas contratadas e ex-integrantes do governo de Goiás. A investigação promete lançar luz sobre uma possível rede de favorecimentos cruzados envolvendo recursos da cultura e benefícios fiscais milionários.

Em contato com o site, a Elysium Sociedade Cultural manifestou-se por meio de comunicado referente aos fatos que atingem seus sócios e sua atuação institucional. A entidade emitiu nota esclarecendo que não possui qualquer vínculo político e reafirmou que toda a sua trajetória é pautada pelo rigor técnico, legalidade e transparência — princípios que norteiam integralmente seus projetos de preservação, restauro e gestão cultural.

A Elysium reafirma, por fim, seu compromisso com a ética, com o patrimônio cultural brasileiro e com a veracidade das informações públicas que envolvem sua atuação, e continuará zelando pela transparência, profissionalismo e respeito às instituições e à sociedade.

Esclarecimentos detalhados à imprensa.

A Elysium Sociedade Cultural vem a público desmistificar e refutar, ponto a ponto, as alegações levantadas em recente matéria jornalística publicada pelo site Tudo Ok Notícias.

Nosso compromisso é com a transparência e a verdade, e consideramos fundamental esclarecer à sociedade os fatos sobre nossa atuação nos projetos de restauração do Jockey Club de São Paulo.

1. Fontes de incentivo fiscal: Lei Rouanet e TDC da Prefeitura

A matéria apresenta uma confusão significativa quanto às fontes de incentivo fiscal, sugerindo que a Elysium estaria envolvida tanto na Lei Rouanet quanto no Termo de Cooperação (TDC) da Prefeitura. Esclarecemos que, neste projeto, a Elysium Sociedade Cultural atua exclusiva e integralmente com recursos provenientes da Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet).

Os recursos mencionados como “TDC da Prefeitura” não tiveram qualquer intermediação ou gestão por parte da Elysium. Portanto, a  Elysium não possui nenhuma relação, gestão ou benefício direto com o “TDC da Prefeitura.

A Elysium fez, exclusivamente, a gestão dos R$22,4 milhões captados no âmbito da Lei Rouanet, conforme informado pelo Ministério da Cultura.

2. Empresas e supostas ligações políticas

A reportagem tenta estabelecer ligações políticas indevidas ao citar empresas envolvidas nos projetos. Esclarecemos que Débora Perillo, associada à Sapé por direito de herança, é filha do falecido irmão de Wolney Unes (diretor da Elysium), uma prima distante de Marconi Perillo e não tem nenhum vínculo com as atividades da Elysium Sociedade Cultural.

A parte dela na Sapé, empresa familiar de gestão de imóveis, foi herdada após o falecimento de seu pai. É fundamental compreender que a relação de parentesco na sociedade, por herança patrimonial, e o vínculo familiar distante não configuram uma ligação política ou influência indevida nos projetos em que a Elysium atua, pautados exclusivamente pela competência técnica e pelo alinhamento com as necessidades do projeto.

3. Alegação de notas fiscais em duplicidade

A acusação de que notas fiscais apresentadas tanto pelo Jockey Club quanto pela Elysium comprovariam indevidamente a aplicação de recursos, sugerindo duplicidade, é falsa. A Elysium nunca apresentou quaisquer notas fiscais à prefeitura, uma vez que a instância a que deve prestação de contas é o Ministério da Cultura. Tampouco autorizou, e nem compactua, com qualquer apresentação de notas em duplicidade.

Todos os comprovantes e documentos fiscais referentes aos serviços prestados e produtos adquiridos sob a gestão da Elysium são únicos, devidamente registrados e correspondem exclusivamente às despesas incorridas em nossos projetos. Reforçamos nosso compromisso com a integridade e a transparência em todas as nossas prestações de contas.

4. Construtora Vidal não é uma “empresa fantasma”

A reportagem sugere que a Construtora Vidal seria uma “empresa fantasma”, que teria recebido o valor de R$ 11,2 milhões em obras contratadas e afirma que seu endereço em São Paulo seria em imóvel com condomínio pago por Wolney Unes, o que é mentira. As demais afirmações também são falaciosas e carecem de esclarecimentos.

Os valores recebidos pela construtora foram na ordem de R$ 4,8 milhões, relativos aos serviços realizados na Tribuna Especial 1, os quais foram atestados tecnicamente e com as notas fiscais já apresentadas ao Ministério da Cultura.

Construtora Vidal é uma empresa legítima, sendo do conhecimento da Elysium a prestação de serviços de construção civil a outros clientes, conforme portfólio de obras apresentado pela empresa, e possui CNPJ ativo e contrato social vigente. Por fim, cumpre ressaltar que a empresa cumpriu todos os termos de contrato e prestou serviços de qualidade e com presteza no Jockey Club.

5. Elysium tornou-se OSC por decreto

A matéria menciona que a Elysium se tornou uma Organização Social Civil (OSC) por decreto de Marconi Perillo. Confirmamos que a Elysium Sociedade Cultural foi, de fato, transformada em Organização da Sociedade Civil (OSC) por decreto em 2014. No entanto, é fundamental contextualizar este fato: a Elysium foi fundada em 1989 e possui uma história de 35 anos de existência.

A transição para o formato de OSC é um movimento administrativo comum e legítimo para grande parte das entidades culturais e sociais mais antigas no Brasil, visando maior adequação a novos modelos de gestão e fomento. Trata-se de uma evolução institucional por que muitas organizações passaram e continuam passando, não sendo um ato isolado ou de favorecimento político específico. A qualificação de uma entidade como OSC decorre de procedimento instituído pela Lei Estadual 15.503/2005, e culmina com a emissão de decreto assinado pelo chefe do Executivo Estadual.

6. Expansão das atividades da Elysium e múltiplas aprovações

A matéria do UOL levanta a questão da Elysium ter expandido suas atividades, assumido procuração do clube e “chegou ao auge em 2025, quando obteve quatro aprovações simultâneas pela Lei Rouanet – todas ligadas ao Jockey”.

Não, os projetos não foram aprovados simultaneamente, mas ao longo de vários anos. Em 2019, o projeto “Restauro do Pórtico das Arquibancadas Sociais”; em 2020, o projeto “Restauração do Mobiliário do Jockey Club de São Paulo e o Complemento do Restauro do Pórtico das Arquibancadas Sociais”; em 2021, o projeto “Restauração dos Murais de Victor Brecheret e Bernard Dunand e Salões Sociais e o Restauro da Tribuna 1”; em 2022, o projeto “Restauração e adaptação da garagem e oficinas”;  e em 2023, o projeto “Restauração do Prédio da Tribuna Social”. Em 2025, não houve a aprovação de nenhum projeto ligado ao Jockey Club, o que demonstra mais uma inverdade da reportagem.

O que ocorreu foi uma expansão das ações da Elysium, reflexo do sucesso e de seu método de trabalho, decorrente do excelente plano de uso e ocupação das estruturas antigas do Jockey Club, que a Elysium coordenou. Este documento, aprovado pelos órgãos públicos de São Paulo, apresentou uma estratégia robusta para a viabilidade econômica do Jockey Clube, demonstrando claramente as possibilidades de auferir recursos financeiros por meio da restauração e revitalização do complexo. A capacidade de articular um plano tão abrangente e obter a confiança dos órgãos reguladores permitiu que a Elysium gerencie múltiplos projetos de forma eficiente e alinhada à visão estratégica de sustentabilidade do Jockey.

7. Escritório Ambiência Arquitetura: valores em desacordo com a reportagem

A reportagem afirma que o escritório Ambiência Arquitetura negou ter prestado serviços avaliados em R$ 1 milhão. É importante esclarecer que a Elysium contratou serviços no valor de R$ 217.500,00, diferentemente do informado pela reportagem. A Elysium sempre primou pela exatidão e transparência nos pagamentos e na prestação de contas.

8. Biapó e serviços de restauro

A matéria questiona o recebimento de R$ 3,5 milhões pela Biapó Construtora por serviços prestados ao restauro. Confirmamos que a Biapó recebeu este valor, conforme notas fiscais e relatórios anexos à prestação de contas, disponíveis para verificação. A contratação da Biapó e os valores pagos estão em estrita conformidade com os serviços prestados e os custos de mercado para restaurações complexas. A Construtora Biapó é reconhecida no mercado nacional como empresa de referência na área de restauração, com quase 40 anos de atividades.

9. Gastos administrativos: uso regular dos 15% permitidos

O Portal UOL aponta gastos com jantares, sobremesas, gorjetas e vinhos, bem como contas de IPTU e água. Esclarecemos que os gastos administrativos da Lei Rouanet são de ordem exclusiva da Elysium, que tem por lei o direito de utilizar até 15% do valor total do projeto para cobrir essas despesas.

Jantares com sobremesas e gorjetas, quando ocorridos em viagens de técnicos e gestores, são considerados parte das despesas administrativas e de gestão, conforme discriminado no art. 25 da Instrução Normativa da citada legislação, vigente atualmente como IN MinC N° 23, de 5 de fevereiro de 2025. No entanto, é crucial ressaltar que bebidas alcoólicas são excluídas das prestações de contas, seguindo as diretrizes internas e boas práticas. Caso tenha havido algum equívoco na exclusão de despesas não permitidas, o valor apresentado indevidamente será ressarcido aos cofres da União perante o MinC, no momento da análise das prestações de contas.

Quanto às contas referentes à manutenção do escritório da Elysium, tratam-se de despesas legítimas de administração, conforme o mesmo art. 25 da citada IN, e seu custeio faz parte da porcentagem administrativa que a organização pode aplicar, conforme previsto em lei. Como uma OSC sem fins lucrativos, a Elysium precisa cobrir seus custos operacionais para manter sua estrutura e dar suporte aos projetos.

10. Confusão sobre o “Gerador de Energia” da Sapé

A matéria insinua que a Elysium teria enviado um “gerador de energia” a Santo Antônio. A acusação é categoricamente falsa.

A confusão surge da interpretação errônea do termo “gerador”. Na verdade, o escritório da Elysium, buscando sustentabilidade e otimização de custos, adquire energia de uma empresa que fornece energia solar, localizada no município de Santo Antônio. O termo “locação de kit gerador FV” refere-se à locação de placas solares de energia fotovoltaica, que alimenta o escritório técnico da Elysium. Esse processo representa uma economia entre 10% e 20% sobre o valor das concessionárias de energia elétrica.

Assim, essa despesa refere-se à fonte onde a energia solar é gerada e não a um equipamento físico enviado para alguma localidade.

11. Investigações do Ministério da Cultura e Prefeitura: ausência de irregularidades graves

A matéria do UOL, publicada em 19 de outubro, informa que o Ministério da Cultura está investigando as denúncias, mas até o momento, não identificaram irregularidades graves. Esta afirmação da própria reportagem corrobora o posicionamento da Elysium.

É verdade que os órgãos fiscalizadores estão acompanhando o projeto, o que é um procedimento padrão em projetos incentivados. A Elysium ressalta que o projeto é executado com rigor e possui uma prestação de contas notável, disponível e transparente. Portanto, apesar das insinuações de irregularidades pelo UOL, elas até agora não foram comprovadas por nenhum dos órgãos competentes.

12. Tribuna 1 do Jockey Club: valor total do projeto e recursos captados

A reportagem afirma que a Tribuna 1 do Jockey Club, mesmo tendo recebido R$7 milhões, segue deteriorada. Esta afirmação é inverídica e descontextualizada.

O projeto de restauração da tribuna principal tem um valor total de aproximadamente R$ 20 milhões. Até o momento, foram captados e aplicados o valor de, aproximadamente, R$ 7 milhões. É evidente que, com apenas uma parte do recurso total disponível, algumas seções da tribuna ainda não foram restauradas. Seria fundamental que o UOL, em busca de uma reportagem justa, também mostrasse as partes já concluídas da tribuna, que demonstram o avanço e a qualidade do trabalho realizado.

13. Título principal da matéria: “Como verba milionária da Rouanet foi parar em Goiás”

O título da matéria beira a xenofobia. É, no mínimo, tendencioso e preconceituoso ao questionar a capacidade de uma entidade sediada em Goiás, e não em São Paulo, de captar e gerir verbas. A afirmação em nada contribui para uma crescente distribuição nacional dos recursos provenientes da lei, dado que quase 40% dos valores captados através da Lei Rouanet no país, em 2024, ocorreram no estado de São Paulo.

Além disso, a proposta de infográfico apresentada na matéria, buscando estabelecer conexões com Goiânia, gera a falsa ideia de uma articulação para desvio de recursos públicos, sem entrar no mérito das entidades e profissionais envolvidos.

Esta narrativa é completamente falsa e será veementemente combatida pela Elysium no ambiente legal. Tentar associar uma atuação técnica e cultural a esquemas criminosos, baseando-se em insinuações e ligações indiretas distorcidas, é um ataque direto à reputação e à integridade da Elysium Sociedade Cultural e de seus colaboradores.

14. Gastos em diferentes localidades: abrangência nacional dos projetos

A matéria aponta a existência de notas fiscais de gastos da Elysium em cidades como Salvador, Rio de Janeiro e Florianópolis. A Elysium é uma instituição com atuação em âmbito nacional, gerenciando diversos projetos de preservação do patrimônio em diferentes estados brasileiros. Os gastos em localidades diferentes da realização dos projetos, é uma decisão da empresa pela contratação de prestadores de serviços que ofertam menores preços, otimizando a utilização dos recursos captados.

Conclusão: Compromisso com a Verdade e o Patrimônio Cultural

A Elysium Sociedade Cultural reitera o seu compromisso inabalável com a preservação do patrimônio histórico e cultural brasileiro, atuando sempre com a máxima transparência e ética. As alegações apresentadas na matéria do UOL são desprovidas de base factual e demonstram uma apuração superficial. Incentivamos a consulta aos registros públicos e às fontes oficiais para uma compreensão completa e precisa do trabalho sério e dedicado que a Elysium realiza.

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