Lula cancela agendas para comparecer ao velório de Mino Carta em São Paulo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cancelou compromissos oficiais previstos para esta terça-feira (2) a fim de comparecer ao velório do jornalista Mino Carta, que faleceu aos 91 anos, em São Paulo.
Segundo a Secretaria de Comunicação Social (Secom), Lula desembarca no Aeroporto de Congonhas às 14h30 e segue para o Cemitério São Paulo, onde a cerimônia está marcada para as 15h15. O retorno à capital federal está previsto para as 18h15.
Entre as agendas canceladas estão uma reunião com o ministro da Secom, Sidônio Palmeira, que ocorreria às 9h, e um encontro com os ministros Camilo Santana (Educação), Esther Dweck (Gestão e Inovação) e André Fufuca (Esportes), no qual seria discutida a criação da Universidade dos Esportes. A única atividade mantida foi uma reunião com o chanceler Mauro Vieira, antecipada para as 9h.
Em publicação no X (antigo Twitter), Lula lamentou a morte de Mino Carta, destacando sua importância para a imprensa nacional. O presidente anunciou ainda três dias de luto oficial.
“Se hoje vivemos em uma democracia sólida, se hoje nossas instituições conseguem vencer as ameaças autoritárias, muito disso se deve ao trabalho deste verdadeiro humanista, das publicações que dirigiu e dos profissionais que ele formou”, afirmou.
Quem foi Mino Carta
Imigrante italiano, Mino Carta construiu uma trajetória de mais de seis décadas no jornalismo brasileiro, sendo figura central na criação das três maiores revistas semanais do país.
Nos anos 1960, participou da equipe inaugural da Quatro Rodas e, em 1968, liderou a fundação da Veja, projeto pioneiro inspirado em modelos internacionais. Em 1976, criou a IstoÉ, onde comandou reportagens marcantes durante o regime militar, incluindo a primeira entrevista nacional com o então líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva, em 1978.
De volta à IstoÉ no fim dos anos 1980, dirigiu a redação em momentos decisivos, como a denúncia que levou ao impeachment de Fernando Collor (1992) e as revelações que derrubaram o ministro da Economia Elizeu Rezende em 1993, abrindo espaço para a ascensão de Fernando Henrique Cardoso.
Em 1994, lançou a Carta Capital, revista de linha editorial progressista que se consolidou como contraponto às publicações dominantes. Sob sua liderança, destacou-se por críticas à Operação Lava Jato, mais tarde contestada pelo STF.
Apesar de enfrentar problemas de saúde desde 2024, Mino Carta permaneceu ativo no comando da Carta Capital até os últimos meses de vida, reafirmando sua influência no debate público brasileiro.