Fausto Júnior justificou que a Polícia Federal investigava o chefe de executivo e por isso o deixou de fora de lista em relatório
O senador Omar Aziz (PSD-AM) disse nesta quarta-feira (29) que o deputado estadual pelo Amazonas Fausto Junior (MDB-AM) não quis indiciar o governador Wilson Lima (PSC) por meio do relatório da CPI da Saúde, realizada pela Assembleia Legislativa do estado em 2020. Fausto Junior era o relator da CPI no Amazonas.
“Estou falando aqui em corrupção, advocacia administrativa, benefícios. O governador não foi indiciado”, disse Aziz na CPI da Pandemia, que prometeu ainda pedir a quebra de sigilos de empresas para obter as informações que comprovariam sua tese.
Pendengas locais
Antes, Aziz perguntou a Junior sobre o imóvel no qual ele morava antes de se eleger, em 2018, e onde mora atualmente na capital amazonense. E apresentou imagens de dois terrenos em um bairro de alto padrão que o deputado disse desconhecer quem seriam os donos.
“As perguntas é (sic) para demonstrar porque ele não investigou o governador. Se vossa excelência não quiser me responder, será investigado pela CPI”, disse o presidente da CPI.
Aziz também questionou o deputado estadual se ele teria conhecimento e ligação com uma série de pessoas e empresas que atuariam em áreas como saúde, construção, manutenção e aluguel de veículos e teriam recebido mais de R$ 500 milhões nos últimos dias anos.
“Conhece alguma dessas empresas?”, indagou o senador. “Não conheço”, reiterou o deputado.
Fausto ainda se defendeu afirmando que Aziz realizava as perguntas por ser adversário político de Wilson Lima. “Vossa excelência é aliado do governador e está me ameaçando”, declarou o deputado do MDB.
O presidente da CPI foi interrompido pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM), que disse ser lamentável Aziz tentar responsabilizar um deputado “pelo que a assembleia não faz” – no caso, indiciar Lima.
“Não farei mais nenhuma pergunta. Farei o que tenho que fazer para investigar. E, aí sim, veremos. É estranho para todos nós do Amazonas não ter entrado na CPI o nome de Wilson Lima.”
A CPI da Pandemia chegou a convocar Wilson Lima para apresentar sua versão dos fatos. O governador, no entanto, conseguiu um habeas corpus no STF para não comparecer.
Oxigênio
Durante a oitiva, o parlamentar afirmou que a crise do oxigênio no Amazonas era uma “tragédia anunciada”, ressaltou que não faltaram recursos para o enfrentamento da pandemia e informou que o problema foi como o dinheiro era aplicado.
Em clima de corrida eleitoral regional para 2022, Fausto Júnior negou que a CPI que da qual ele foi relator em seu estado sobre a crise na Saúde tenha usado “dois pesos e duas medidas” ao deixar de indiciar o governador Wilson Lima. Ainda de acordo com o deputado, não havia elementos que conectassem a materialidade do governador baseada nas investigações feitas pela CPI da Saúde.
Depois de uma longa discussão com o presidente da CPI, Aziz , em razão dos pagamentos indenizatórios feitos pelo Amazonas – inclusive quando Aziz era o governador do estado –, o deputado disse que estava sendo ameaçado de prisão “por falar a verdade”.
“Estou falando a verdade”
“Estou sendo ameaçado, senador. Eu falo do seu governo e o senhor me ameaça de prisão? Estou falando a verdade”, disse o parlamentar estadual, relatando que Aziz teria dito, fora do microfone, que ele sairia preso da comissão.
De acordo com a pauta da comissão, estava prevista a análise de 61 pedidos feitos pelos senadores, entre requerimentos de informação, de convocação/convite e de quebra de sigilos, mas a votação foi adiada para quarta-feira (30) pelo presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM).