Deltan Dallagnol rebate acusações de irregularidades apontadas por jornal

Compartilhar:
Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram

O jornal Folha de S.Paulo, em parceria com o site The Intercept Brasil, divulgou neste domingo (14) que o procurador da Operação Lava Jato Deltan Dallagnol teria montado um plano de eventos e palestras para lucrar com a fama obtida com a Operação Lava Jato.

Em um diálogo no fim de 2018, Deltan e um colega da força-tarefa da Lava Jato discutiram a criação de uma empresa na qual eles não apareceriam formalmente como sócios, para evitar questionamentos legais e críticas.

“Se fizéssemos algo sem fins lucrativos e pagássemos valores altos de palestras pra nós, escaparíamos das críticas, mas teria que ver o quanto poderíamos em termos monetários”, comentou Dallagnol no grupo com o colega. eles também discutiram a possibilidade de parcerias com uma empresa organizadora de formatura e outras duas firmas de eventos.

Em mensagem à sua esposa, Deltan se justificou. “Vamos organizar congressos e eventos e lucrar, ok? É um bom jeito de aproveitar no networking e visibilidade”, escreveu ele.

Em outro momento, ele informou à esposa sobre a lucratividade das palestras apurada até setembro do ano passado. “As palestras e aulas já tabeladas neste ano estão dando líquido 232k [R$ 232 mil]. Ótimo… 23 aulas/palestras. Dá uma média de 10k [R$ 10 mil] limpo”, disse ele.

No mês seguinte, o procurador manifestou interesse no fechamento de 2018. “Se tudo der certo nas palestras, vai entrar ainda uns 100k [R$ 100 mil] limpos até o fim do ano. Total líquido das palestras e livros daria uns 400k [R$ 400 mil]. Total de 40 aulas/palestras. Média de 10k limpo”, afirmou Dallagnol.

Segundo a lei, procuradores são proibidos de gerenciar empresas. A legislação permite que essas autoridades sejam apenas sócios ou acionistas de companhias.

Em dezembro de 2018, Deltan e seu colega de na força-tarefa Roberson Pozzobon criaram um grupo de mensagens específico para discutir o tema. O grupo era composto também pelas esposas deles.

“Antes de darmos passos para abrir empresa, teríamos que ter um plano de negócios e ter claras as expectativas em relação a cada um. Para ter plano de negócios, seria bom ver os últimos eventos e preço”, escreveu Deltan nesse chat.

Pozzobon respondeu: “Temos que ver se o evento que vale mais a pena é: i) Mais gente, mais barato ii) Menos gente, mais caro. E um formato não exclui o outro.”

Após meses de discussões, em 14 de fevereiro de 2019, Delta propôs que a empresa fosse aberta em nome das mulheres deles, e que a organização dos eventos ficasse a cargo de Fernanda Cunha, dona da forma Star Palestras e Eventos.

“Só vamos ter que separar as tratativas de coordenação pedagógica do curso que podem ser minhas e do Robito [Pozzobon] e as tratativas gerenciais que precisa ser de Vcs duas, por questão legal”, detalhou Deltan na conversa.

Deltan alertou, em seguida, para a possibilidade de a estratégia levantar suspeitas. “É bem possível que um dia ela [Fernanda Cunha, da Star Palestras] seja ouvida sobre isso pra nos pegarem sobre gerenciarmos empresa”, disse. “Se chegarem nesse grau de verificação é pq o negócio ficou lucrativo mesmo rsrsrs. Que veeeenham”, respondeu Pozzobon.

Deltan sugeriu, no dia seguinte, que uma parceria fosse firmada com a empresa de eventos e formaturas de um dele chamada Polyndia. “Eles [Polyndia] podem oferecer comissão pra aluno da comissão de formatura pelo número de vendas de ingressos que ele fizer. Isso alavancaria o negócio. E nós faríamos contatos com os palestrantes pra convidar. Eles cuidariam de preparação e promoção, nós do conteúdo pedagógico e dividiríamos os lucros”, afirmou o procurador.

Segundo as mensagens do Telegram, os procuradores cogitaram tocar o projeto sem que a empresa de eventos e palestras estivesse formalizada. “Podemos tentar alguma coisa agora em maio tvz. Ou fim de abril. Nem que o primeiro evento a empresa não esteja 100% fechada”, sugeriu Pozzobon.

Insatisfação na força-tarefa

As mensagens mostram, ainda, que, poucos antes do primeiro ano da Operação Lava Jato, em fevereiro de 2015, a dedicação de Deltan a cursos e viagens gerava um descontentamento entre colegas da Procuradoria em Curitiba. Em uma conversa, o procurador tentou se justificar, dizendo que suas atividades compensavam um prejuízo financeiro causado pela Lava Jato.

“Essas viagens são o que compensa a perda financeira do caso, pq fora eu fazia itinerâncias [trabalhado extraordinário em que, ao assumir tarefas de outro procurador, é possível aumentar o valor do contracheque] e agora faria substituições”, escreveu o procurador.

Ele continuou: “Enfim, acho bem justo e se reclamar quero discutir isso porque acho errado reclamar disso. Acho que o crescimento é via de mão dupla. Não estamos em 100 metros livres. Esse caso já virou maratona. Devemos ter bom senso e respeitar o bom senso alheio”, completou.

Outro lado

De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, o coordenador da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, afirmou que realiza palestras para promover a cidadania e o combate à corrupção e que esse trabalho ocorre de uma maneira compatível com a atuação no Ministério Público Federal (MPF).

Deltan e Robson Pozzobon informam que não abriram empresa ou instituto de palestras em nome deles ou de suas esposas e que não atuam como administradores de empresas.

Em nota enviada pela assessoria de imprensa da Procuradoria no Paraná, os integrantes da força-tarefa da Lava Jato declaram que “não reconhecem as mensagens que têm sido atribuídas a eles” e que “esse material é oriundo de crime cibernético e não pôde ter seu contexto e veracidade comprovado”.

Em relação às palestras, a nota diz que é “lícito a qualquer procurador, como já decidido pelas corregedorias do Ministério Público Federal e do Conselho Nacional do Ministério Público, aceitar convites para ministrar cursos e palestras gratuitos ou remunerados”.

“Palestras remuneradas são prática comum no meio jurídico por parte de autoridades públicas e em outras profissões”, complementa a nota.

O texto diz, ainda, que Deltan Dallagnol e Roberson Pozzobon “não têm empresa ou instituto de palestras em nome próprio nem de seus familiares. Tampouco eles atuam como administradores de empresas”.

Quanto à atividade específica de Deltan, a nota afirma que ele “realiza palestras para promover a cidadania e o combate à corrupção de modo sempre compatível com o trabalho. A maior parte delas é gratuita e, quando são remuneradas, são declaradas em imposto de renda e ele doa parte dos valores para fins beneficente”.(Com informações da Jovem Pan)

Redação

Mais lidas

Casa de Chá renasce como joia do coração d...
Programação especial celebra aniversário d...
Drenar DF: a obra que fez Brasília respira...
...